sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O que realmente importa

De tempos em tempos é bom fazer uma certa análise das nossas prioridades. Afinal, o que realmente importa? Tirando a questão da sobrevivência em si, saúde e tal, as prioridades são (ou deveriam ser) sempre muito simples. Tenho pensado muito nessa questão. Para definir prioridades, é preciso antes definir valores. São eles que norteiam tudo o mais.

Há pessoas para quem a foto vale mais que o fato, vale mais que o afeto. Não importa se é tudo falso, de fachada, se a foto ficou boa, então está tudo bem, tudo perfeito. No perfeito, não há lugar para nada que fuja do padrão, para o divórcio, para o luto, não há margem para erro ou recomeço. Os esqueletos vão ficando enterrados nos armários e fedem enquanto apodrecem. É certamente uma forma de viver: viver de aparências. Para o egocêntrico, o que importa é ele e o que pensam dele, perdendo a oportunidade de conhecer o seu entorno. A vida passa e ele deixou de conhecer um fillho, um pai, um amigo maravilhoso que estava bem ali, mas que ele não teve olhos para ver. Construiu à sua volta o muro intransponível do isolamento, e reina absoluto em seu delírio, sua bênção é mesmo sua ignorância. Para esses, tenho pouco ou nenhum tempo.

Gosto mesmo é da troca, e quero aplicar meu tempo tecendo e fortalecendo vínculos. Ter tempo de ouvir o outro e poder dialogar de coração para coração. Isso, pra mim, é o que faz a vida tão linda e rica, é o que dá sentido à nossa breve existência. Assim, posso rir, chorar e me emocionar ao descobrir o valor das relações, sejam elas de homem e mulher, de amigas, de padrasto e enteado, de tia e sobrinha, de porteiro e morador, relações de amor e de amizade. É bom demais esse negócio! Nessas relações, há integridade, integração de luz e sombra, as caveiras podem sentar na sala, são tratadas com respeito e compaixão, arejadas, trazidas ao sol da verdade, não fedem. Podem até denegrir a perfeição das aparências, mas e daí, se o que importa é o conteúdo?

Assim, termino essa postagem citando Elza Soares: "o que se leva dessa vida é o que se come, o que se bebe, o que se brinca, ai ai."


8 comentários:

bia casotti disse...

Amiga,
Lendo o seu texto, me lembrei de uma frase que li no Livro Tibetano do Viver e do Morrer: " A maioria das pessoas morre despreparada para morrer, como viveu despreparada para viver." A imagem dos esqueletos enterrados nos armarios tambem esta no livro quando Rinpoche diz que quando vivemos assim, nos tornamos cadaveres vivos, inconscintes, pois nos apoiamos numa falsa crenca de continuidade e permanencia.
Bjs

Anônimo disse...

Como passar a vida sem sentir???
Isto definitivamente não e para mim!
Eu sinto tudo! E concordo 1000%...a troca
e tudo! Observar outras experiências ...ouvir...
aprender...sempre.
Amiga vc brilhou com este texto!
Bjos enormes
Re

Anônimo disse...

Que belezura! Esse post é um sopro de ar fresco nesta sexta chuvosa. Maravilhoso, querida!
Beijos!
Re Mazoco

Anônimo disse...

Lindo texto Dri, amei!
Vamos viver tudo que há para viver!!

Beijos, Monikita.

solange casotti disse...

Queridona,
o que realmente importa é perceber o que realmente importa.
Beijão,
Sol.

adriana disse...

Nossa dri, andei meio atolada e não tinha lido as últimas postagens e fui de trás pra frente , heheheh... li o lindo poema da Sol e agora esta postagem . Como é bom ter amigas sensíveis como vc., Sol , Bia...

Anônimo disse...

Muito bom Adri, vamos nos importando com o que importa de verdade!!!
bjs
Gui

Anônimo disse...

Querida, também concordo que esse é o sentido da vida.. ando tanto sentindo o que, supostamente, em se tratando de "aparências" não deveria sentir, que esse texto fez todo o sentido!
amo ser sua amiga!
beijos enormes
gabi lacombe