quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Como comprar o Pequeno Manual de Astrologia & Estilo?

Rio de Janeiro:
Lojas:
Gabinete Duilio Sartori - rua Lopes Quintas, 87, Jd Botânico 

Mutações - Largo dos Leões e Galeria River 
Livrarias:
Argumento (Leblon) -  (21) 2239-5294
Assis (café Cosme Velho) Rua Cosme Velho, 174 lj 6 Laranjeiras  Tel.: (21) 2285-2575.
Bl
ooks (livraria Unibanco Arteplex) Praia de Botafogo
Carga Nobre - PUC Gávea RJ
Empório das Letras (livraria cinema São Luis) Largo do Machado

Travessa - Centro, Barra, Ipanema e Leblon



 À partir da semana que vem, livrarias Cultura de SP e Brasília!

Vendas online para todo o Brasil:
Travessa
Maria Brechó

sábado, 17 de novembro de 2012

Mais sobre o Pequeno Manual





E nasceu a criança!
Na terça-feira, dia 13, tive a honra de receber os amigos  no Gabinete Duilio Sartori, ambiente lindo e único. Foi uma delícia! Gente bacana, astral excelente! Agradeço a presença de cada um dos amigos, pacientes e familiares, que compareceram para me prestigiar, apesar da chuva que pedia um pijama e um sofá...  Me senti muito querida e prestigiada.




fotos de Naná Viveiros, minha sócia no Maria Brechó

 Na ausência da ilustradora Adriana Tavares, em viagem fora do Rio, Henrique e Duilio, dois lindões,  mais do que rápido providenciaram um quadro fabuloso dela para ficar pertinho de mim na mesa de autógrafos. Adorei!
(Repare que até baguetes eu ganhei de presente, acho que era uma mensagem simbólica do meu amigo Marcelo: olha o ganha-pão! Amém!)

Aliás, a equipe do Gabinete é impecável: obrigada Duilio, Henrique, Bel, Gisele, Felipe, Rosa e Paulo.



Hoje, pra coroar o trabalho, saiu essa notinha no caderno Ela ---> Adriana Tavares, minha flor, comprei um exemplar do O Globo de hoje para você!       Fiquei toda feliz!

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Pequeno Manual de Astrologia & Estilo

O que dizer de um livrinho do qual sou a autora? Que é fruto de um processo, as vezes sofrido, outras muito muito prazerozo, o famoso processo criativo.  Meu dia a dia é pautado por incursões astrológicas no psiquismo do outro, em cada atendimento, esse é meu fascínio e meu ganha-pão. Nas horas de folga, me vejo cercada de peças de roupa, fazendo os textos descritivos para o Maria Brechó. Sabe quando você acha uma roupa linda, mas ela não é pra você? Não por não caber ou cair bem, mas por não ser a sua cara... Me pus então a pensar na forma de vestir de cada pessoa e na moda como meio de expressão da identidade: Astrologia e Estilo.  

Que, apesar de ter me aventurado por esse universo da moda, não sou nenhuma guru no assunto, muito ao contrário, sempre tive uma forma muito própria - e nem sempre apreciada - de vestir e, talvez, por isso mesmo, tenha considerado o livro como um instrumento para que cada um possa entender melhor os ingredientes que compõem a sua personalidade e consequentemente, seu jeito de ser.


Não teria sido possível realizar esse trabalho sem as preciosas e generosas contribuições de experts em moda e estilo. Contei com a colaboração de gente que sabe do riscado, talentos como Carolina Cronemberger, Chris Baerlein, Cristiane Kekei Mesquita, Daniella Martins, Domingos Alcântara, Evelyn Boninaro, Fernanda Villela, Glorinha Marques, Marcella Virzi, Mariana Salim, Pedro Cardoso, Renata Abranchs, Renata Salles Brun, Ronaldo Fraga e Rosanna Naccarato.


As ilustrações da amiga Adriana Tavares deram um charme todo especial ao projeto. Enfim, o compasso é de espera: o filhote vai nascer! 
Eis a carica dele:

Pequeno Manual de Astrologia e Estilo - 150 pags  - Editora Circuito

sábado, 15 de setembro de 2012

50 tons - preto no branco, cores berrantes e aquarelas

Acabo de ler o primeiro livro da trilogia de E L James, Cinquenta Tons de Cinza. O livro, que virou o hit do momento, segundo uma amiga minha, o "Harry Potter da mulherada", é um mergulho no erotismo, o que já torna a leitura instigante e interessante. Afinal, qualquer coisa que desperte a chama e nos faça explorar um pouco mais a sexualidade é em si um tônico. Já tô no 2!

Como recém li o Intimidade, da antropóloga Mirian Goldenberg, alguns conceitos dela me vêm à mente. O primeiro deles é o nosso desejo intrínseco de agradar ao parceiro. Queremos agradar, nascemos para agradar, nos agrada agradar. Na relação entre os personagens do 50 Tons, há um contrato explícito de dominação e submissão. Contrato esse que descofio estar presente na maioria dos relacionametos amorosos. Só que, diferente da narrativa do livro, essa questão está velada, implícita, não assumida, como se fossem aquelas letrinhas minúsculas que nunca ninguém lê... - O que agrada e o que desagrada o parceiro. O que devo fazer para ser recompensada? O que tenho medo de fazer e ser punida? - Cada relacionamento tem lá seu próprio jogo de poder... Cabe um alerta: quase sempre o que é obvio é invertido: "As vezes quem pede perdão é que está perdoando, e da vida recebe o troco quem paga pra ver..." como diz tão lindamente a poesia do samba Deixa de dar Defeito de autoria do meu amigo Rogê em parceria com Marcelinho Moreira.

Há muitos outros conceitos de Mirian presentes na trilogia, além desse da necessidade de agradar: o do corpo como capital, o da autovalorização pautada no ser a única na vida do parceiro, mas o conceito que mais me assusta é o da "miséria subjetiva". É o seguinte: em suas pesquisas com mulheres brasileiras, a antropóloga descobriu que a queixa da falta é recorrente. Umas queixam-se de falta de afeto na relação, outras, de falta de intimidade, outras ainda, da falta da relação em si... falta isso, falta aquilo, a lista das faltas é infinda... Mirian chama essa falta de miséria subjetiva. E voilá, na trilogia dos 50 Tons, lá está a falta... Como assim tanto e tão pouco?

Entendo que a falta é o que nos move, sem ela, poderíamos ficar mediocremente estagnados... E sei que a alma tem muitos anseios, cada um/uma de nós tem em si seu buraco negro... (Isso deve remontar a Freud e sua teoria de inveja do pênis... não sei, chego a pensar na falta como algo descrito na nossa própria anatomia... ) Mas a questão é que não quero ser um poço de insaciabilidade. Me recuso a pautar a vida no que me falta. E quando me sinto muito queixosa e faltosa, terror ao qual não sou imune, tento fazer o exercício de pensar no que eu tenho. Quero focar na metade cheia do copo. Xô xô, de mim, miséria subjetiva!



mais um samba, o samba salva! MANEIRAS, na voz do rei Zeca -

domingo, 9 de setembro de 2012

Independência ou morte!

Lendo Intimidade, livro da antropóloga Mirian Goldenberg, não dá pra não pensar na vida dentro de um contexto social de gênero onde as mulheres se impõem obrigações e tem-ques além da conta. Ao que parece, no Rio de Janeiro, se você não for jovem, não pode ser gostosa, muito menos se sentir... passou dos 40, tá passada; então, as pesquisadas além 50 se queixam, quase que em unanimidade, de estarem velhas demais para novas investidas amorosas... eita maluquice! Já as alemães da mesma faixa etária - diga-se de passagem, muito mais fisicamente detonadas do que as brasileiras - se percebem de uma outra forma, mais realizadas e experientes, parecem mais confortáveis com a maturidade, menos dependentes da aprovação da sociedade e de fatores externos. A ditadura do corpo perfeito pode esmagar a luz do indivíduo? ah que chatice... como se, de perto, alguém fosse perfeito... É quase inacreditável pensar que deixamos que o nosso senso de valor próprio e identidade seja regido por uma sociedade com valores e conceitos tão equivocados - e americanizados.

Assisti O Exótico Hotel Marigold, um filme inglês passado na India, onde a estética foge do botox para o brilho no olho. Nesse contexto, o envelhecimento é vivido mais simples e hamonicamente, não sem seus questionamentos e inevitáveis ajustes, porém, visto de uma forma mais leve, natural, sem a sombra da ilusão da eterna juventude... Um filme maravilhoso. Judy Dench, deusa, mostrando que dá pra fazer diferente.

Depois vi Histórias Cruzadas (The Help), uma outra referência de feminino no tempo e numa sociedade preconceituosa. Um filme extremamente claro em mostrar a crueldade de que são capazes as mulheres em seu mundinho bitolado e burro... a mesquinhez, a falsa noção de superioridade de raça. Mas a redenção no filme vem da nossa capacidade de união, da amizade e do respeito. E da ousadia de fazer diferente. Ah, a transgressão! Um filme muito sensível, comovente, imperdível. Viola Davis, arrasando.

O que tudo isso tem a ver? Mulherada, wake up and smell the coffee! Vamos abrir os olhos, com ou sem pé de galinha, e tirar os antolhos, as amarras, as algemas autoimpostas!

E viva a liberdade!



sexta-feira, 1 de junho de 2012

Adolescência, sexualidade, orientação e limites

Estava jantando numa varanda e não pude deixar de observar as garotas adolescentes passando em grupo a caminho das casas noturnas de um balneário carioca. A faixa etária variava dos 13 aos 16 anos. O invariável era o figurino: todas vestiam uma blusinha com certo brilho, ultra mini micro saia e sapatos de salto muito alto. A aberração era o  comprimento das saias - ou a falta dele! Não se trata de moralismo, não sou nenhuma paladina da moral e dos bons costumes, mas estavam todas vestidas de periguetes! (Nem vou entrar no mérito da cafonice master dos saltos super altos numa cidade praiana...)

O impacto das ínfimas saias, que acabavam exatamente no início das coxas e nem um milímetro a mais, era tal que, se uma daquelas garotas fosse, por desventura, vítima de violência sexual, tenho certeza que alguém argumentaria a favor do estuprador, dizendo que ela estava pedindo para que isso acontecesse... Me pergunto se os pais (ou responsáveis) acham pertinente, ou ainda por que permitem, que uma mocinha em idade tão tenra saia por aí "vestida para matar". Me pergunto se alguma vez já conversaram com as filhas no intuito de esclarecer questões sobre  sexualidade e sobre a impressão, as vezes totalmente errônea, que uma vestimenta pode causar. O amigo que estava comigo observou tratar-se de um fenômeno da moda Big Brother Brasil... Moda muito deselegante, equivocada e - por que não dizer - perigosa.

Sendo astróloga e terapeuta, parte da minha missão consiste em observar comportamentos e seus desdobramentos. Sei perfeitamente que a adolescência é a fase das descobertas e experimentações, da emergência da sexualidade, da urgência de pertencer ou ser aceita em determinados grupos. E do desabrochar da questão ainda mais profunda que costuma acompanhar as mulheres na vida adulta: a capacidade de despertar o desejo no sexo oposto como validação da sua feminilidade e às vezes, existência.

Apesar do deleite que ser desejada causa na auto estima do feminino, creio que o anseio vá além: as meninas - e mulheres - querem também ser amadas, descobrir os meandros do corpo e as delícias do sexo com um parceiro que seja de alguma forma atento também a dar prazer. Com uma iniciação sexual carinhosa, mesmo apesar dos inevitáveis atropelos da adolescência, podemos construir uma base mais inteira para a sexualidade na vida adulta.

Fica a pergunta: a quem cabe a educação sexual dos nossos filhos? 

 Se você tem um filho ou filha adolescentes e não sabe muito bem como abordar o assunto, recomendo que lhe presenteie com o livro Sexo e Amor para os Jovens, do psicanalista Flavio Gikovate. É objetivo, franco e certamente um bom começo de conversa.

sábado, 10 de março de 2012

Júpiter e Vênus

Gente querida da minha vida, vamos ficar ligados no céu nesse meados de março pois há uma conjunção de Júpiter com Vênus no signo de Touro que ocorre só de 12 em 12 anos e pode ser apreciada a olho nu logo após o por do sol. Daqui, vão parecer duas estrelas muito grandes e de brilho fixo que vão estar juntinhas perto do horizonte a oeste.

O significado não é menos lindo que o visual: Júpiter, deus da fartura e da prosperidade, Vênus, deusa do amor e da beleza, unidos no signo que simboliza o que é prazeroso, estável e consistente. É tempo de valorizar as pequenas coisas que nos fazem felizes no dia-a-dia, de cultivar o nosso próprio bem-estar - num plano muito básico, nos cuidar, comer bem, dormir bem, tomar banho com nosso sabonete favorito, enfeitar a casa com flores - , de demonstrar fiscamente amor, carinho e presença às pessoas a quem amamos - amigos inclusive - , cultivando assim a gentileza e a generosidade.

Tempo de meditar e afirmar a prosperidade em nossas vidas, aceitar os presentes que a vida traz, e de botar a mão na massa para manifestar os empreendimentos e projetos que desejamos realizar. Beijos e boa sorte!

quinta-feira, 8 de março de 2012

O mapa da mina

Inspirada por mestre Xico Sá e seu vasto conhecimento da alma feminina, venho também dar meu pitaco sobre o caminho que leva ao tesouro. Mapa esse destinado a ser ignorado pela maioria da, infelizmente, indiferente macharada... Digo indiferente porque, muitos homens, aqui nessa banda da Terra, parecem convictos adeptos da lei do menor esforço, fazendo a medíocre linha do se-vier-a-mim-tá-bom... Esses, desconfio, sequer lerão esse modesto post... Mas, para os poucos que se dão ao trabalho de indagar o que afinal querem as mulheres, vou ser bem direta: carinho!

É que, enquanto para os homens a chama do desejo é acesa pelos olhos, - basta observar a quantidade de revistas com fotos eróticas vendidas nas bancas de jornal para deleite dos héteros e gays, - para nós, mulheres, o portão de entrada principal são os ouvidos. Daí sermos todas apaixonadas por trovadores delicados como Gil ou Chico Buarque!

É isso, simples assim, como diria a velha canção, Try a Little Tenderness. Pode confiar, não há mulher emburrada que resista a palavras sussuradas ao pé do ouvido, podem ser doces e/ou picantes: sempre funcionam! Querido leitor, os ouvidos da sua amada são o seu passaporte para o jardim das delícias. Diga palavras simples e sinceras e terá da sua musa aquilo o que desejar.

No mais, se quiser uma aula master avançada, leia Xico Sá!

quarta-feira, 7 de março de 2012

Um tempo sem nome

Essa Pequena

Meu tempo é curto, o tempo dela sobra
Meu cabelo é cinza, o dela é cor de abóbora
Temo que não dure muito a nossa novela, mas

Eu sou tão feliz com ela

Meu dia voa e ela não acorda
Vou até a esquina, ela quer ir para a Flórida
Acho que nem sei direito o
que é que ela fala, mas
Não canso de contemplá-la

Feito avarento, conto os meus minutos
Cada segundo que se esvai

Cuidando dela, que anda noutro mundo
Ela que esbanja suas horas ao vento, ai

Às vezes ela pinta a boca e sai
Fique à vontade, eu digo, take your time
Sinto que ainda vou penar com essa pequena, mas
O blues já valeu a pena


Um tempo sem nome

Rosiska Darcy de Oliveira, O Globo, 21/01/12

Com seu cabelo cinza, rugas novas e os mesmos olhos verdes, cantando madrigais para a moça do cabelo cor de abóbora, Chico Buarque de Holanda vai bater de frente com as patrulhas do senso comum. Elas torcem o nariz para mais essa audácia do trovador. O casal cinza e cor de abóbora segue seu caminho e tomara que ele continue cantando “eu sou tão feliz com ela” sem encontrar resposta ao “que será que dá dentro da gente que não devia”.

Afinal, é o olhar estrangeiro que nos faz estrangeiros a nós mesmos e cria os interditos que balizam o que supostamente é ou deixa de ser adequado a uma faixa etária. O olhar alheio é mais cruel que a decadência das formas. É ele que mina a autoimagem, que nos constitui como velhos, desconhece e, de certa forma, proíbe a verdade de um corpo sujeito à impiedade dos anos sem que envelheça o alumbramento diante da vida .

Proust, que de gente entendia como ninguém, descreve o envelhecer como o mais abstrato dos sentimentos humanos. O príncipe Fabrizio Salinas, o Leopardo criado por Tommasi di Lampedusa, não ouvia o barulho dos grãos de areia que escorrem na ampulheta. Não fora o entorno e seus espelhos, netos que nascem, amigos que morrem, não fosse o tempo “um senhor tão bonito quanto a cara do meu filho“, segundo Caetano, quem, por si mesmo, se perceberia envelhecer? Morreríamos nos acreditando jovens como sempre fomos.

A vida sobrepõe uma série de experiências que não se anulam, ao contrário, se mesclam e compõem uma identidade. O idoso não anula dentro de si a criança e o adolescente, todos reais e atuais, fantasmas saudosos de um corpo que os acolhia, hoje inquilinos de uma pele em que não se reconhecem. E, se é verdade que o envelhecer é um fato e uma foto, é também verdade que quem não se reconhece na foto, se reconhece na memória e no frescor das emoções que persistem. É assim que, vulcânica, a adolescência pode brotar em um homem ou uma mulher de meia-idade, fazendo projetos que mal cabem em uma vida inteira.

Essa doce liberdade de se reinventar a cada dia poderia prescindir do esforço patético de camuflar com cirurgias e botoxes — obras na casa demolida — a inexorável escultura do tempo. O medo pânico de envelhecer, que fez da cirurgia estética um próspero campo da medicina e de uma vendedora de cosméticos a mulher mais rica do mundo, se explica justamente pela depreciação cultural e social que o avançar na idade provoca.

Ninguém quer parecer idoso, já que ser idoso está associado a uma sequência de perdas que começam com a da beleza e a da saúde. Verdadeira até então, essa depreciação vai sendo desmentida por uma saudável evolução das mentalidades: a velhice não é mais o que era antes. Nem é mais quando era antes. Os dois ritos de passagem que a anunciavam, o fim do trabalho e da libido, estão, ambos, perdendo autoridade. Quem se aposenta continua a viver em um mundo irreconhecível que propõe novos interesses e atividades. A curiosidade se aguça na medida em que se é desafiado por bem mais que o tradicional choque de gerações com seus conflitos e desentendimentos. Uma verdadeira mudança de era nos leva de roldão, oferecendo-nos ao mesmo tempo o privilégio e o susto de dela participar.

A libido, seja por uma maior liberalização dos costumes, seja por progressos da medicina, reclama seus direitos na terceira idade com uma naturalidade que em outros tempos já foi chamada de despudor. Esmaece a fronteira entre as fases da vida. É o conceito de velhice que envelhece. Envelhecer como sinônimo de decadência deixou de ser uma profecia que se autorrealiza. Sem, no entanto, impedir a lucidez sobre o desfecho.

”Meu tempo é curto e o tempo dela sobra”, lamenta-se o trovador, que não ignora a traição que nosso corpo nos reserva. Nosso melhor amigo, que conhecemos melhor que nossa própria alma, companheiro dos maiores prazeres, um dia nos trairá, adverte o imperador Adriano em suas memórias escritas por Marguerite Yourcenar.

Todos os corpos são traidores. Essa traição, incontornável, que não é segredo para ninguém, não justifica transformar nossos dias em sala de espera, espectadores conformados e passivos da degradação das células e dos projetos de futuro, aguardando o dia da traição.Chico, à beira dos setenta anos, criando com brilho, ora literatura , ora música, cantando um novo amor, é a quintessência desse fenômeno, um tempo da vida que não se parece em nada com o que um dia se chamou de velhice. Esse tempo ainda não encontrou seu nome. Por enquanto podemos chamá-lo apenas de vida.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Da vida

Salve, gente! Andei sumida, é verdade... Mesmo sendo uma geminiana falante, andante, (e muito pensante), tenho cá os meus silêncios. Ora por não ter nada a dizer, ora por estar absorta num universo interno que não se deixa articular. Não se trata de um silêncio frio ou indiferente, há calor e alguma melodia no meu calar. Os tempos do silêncio são tempos de mar, ajustes internos, prioridades da alma.

Dessas, estar com quem me sinto aceita e à vontade são um grande prazer. Estar comigo tem sido assim. Pode ser que isso seja a tal maturidade que o povo fala e nunca soube exatamente o que era... Será que parte da maturidade tem a ver com se aceitar? Se for, o troço é bom, viu? Vale deixar um pouco da juventude (e seu intenso desejo de agradar) para trás, conviver com as rugas, mazelas, perebas. Existe nisso vasto alívio e liberdade.

Nessa onda liberta, resolvi sair sozinha, ouvir um pouco de música. Engraçado como em pleno século XXI estar sozinha num bar/restaurante causa espanto, um certo olhar de desolação, como se a pessoa sozinha fosse meio estranha, infeliz, sei lá... Mas o melhor disso é a diversão: Diz o maitre: "a mesa é para quantas pessoas?" e dá vontade de dizer: "para três: me, myself and I" - a tradução dessa expressão seria talvez um "mim, eu mesma e eu" - tríade até que bem divertida! A música era da melhor qualidade: violão, baixo, batera e sax - alternado com flauta transversa - uma festa para os ouvidos. - Gostei tanto que vou voltar lá! - De repente, senta ao meu lado um garoto de 8 anos, filho de um grande amigo. A conversa é interessantíssima, puxa assunto de cinema, falamos sobre o bruxo Harry Potter, depois me fala dos lugares do mundo onde "é amarradão para ir". Meu coração transborda de admiração por toda aquela graça e vivacidade, uma alegria!
E penso que a vida é mesmo maravilhosa quando estamos receptivos a ela...
As vezes, achamos que estamos juntos e estamos sós, outras vezes, achamos que estamos sós, e estamos juntos! Saravá!Detail from the Miggy Tree illustrated by Anna Walker