terça-feira, 26 de abril de 2011

Mais uma vez

Ontem fiquei pensando nessa música do Renato Russo, não cantarolando, mas pensando nos versos da letra, como quem lê um poema em voz baixa. Pensei também nas pessoas, na "gente". No que cada um traz dentro de si, diz, faz, sente. Nem sempre fico feliz com o que faço ou sinto ou digo... Claro que não!!!
Pensei numa expressão que a minha comadre Marcia, pessoa muito perspicaz, usa. Ela às vezes diz assim: "Mas isso mostra exatamente que qualidade de gente fulana(o) é!" Qualidade de gente, linda expressão! Então, voltando ao pensamento de ontem, pensava em que "qualidade de gente" eu sou e no que quero ser. Que brutalidades internas lapidar e quais jardins cultivar. Que sombras tratar com ternura... como sugere outra música - também chamada Mais Uma Vez, do Lobão. Afinal, gente é gente, luz e
sombra, bondade e maldade, generosidade e mesquinhez, tudo em doses que variam, tanto de uns para os outros, como de acordo com diferentes fases ou mesmo ocasiões.

Gosto de pensar que além da luz e da sombra, e da muita penumbra, englobando tudo isso, há ainda o tal diamante - o que não quebra e nem se altera de acordo com a pressão e a temperatura. O que C.G.Jung chamou de self, o "
si mesmo", (muito mal traduzindo). Enquanto o ego é o centro da consciência, o self é o centro interno de toda a personalidade, que inclui o consciente, o inconsciente e o ego. Do self emana todo o potencial energético de que a psique dispõe, agindo como equilibrador e organizador da saúde do psiquismo.
É isso que diz a música do querido poeta Renato:


Mais Uma Vez (Renato Russo)

Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem.

Tem gente que está do mesmo lado que você
Mas deveria estar do lado de lá
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Tem gente enganando a gente
Veja a nossa vida como está
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança!

Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem.

Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena
Acreditar no sonho que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo
Ou que você nunca vai ser alguém
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança!

A letra diz: confie em si mesmo, confie no self (nos seus instinstos).

Depois disso, ou melhor, junto com isso, lembrei de um Eco Lógico que a minha amiga jornalista Beatriz Diniz escreveu e me enviou faz algum tempo, usando também a músca do Renato Russo. Esse específico Eco Lógico me impressionou e cabe publicar parte dele aqui:

"Tem gente que não gosta de gente. Tem gente que não gosta de gente e finge que gosta. Tem gente que não gosta de nada em si e sente raiva de quem tem estima própria. Tem gente que se maltrata e maltrata os outros. Tem gente que se esforça para esconder que não é como parece ser, tem gente que é convincente pacas nisso, como sociopatas e psicopatas. Tem gente que faz qualquer coisa pra conseguir o que quer. Tem gente que não assume suas responsabilidades e bota a culpa por tudo nos outros. Tem gente que se beneficia prejudicando os outros. Tem gente sem escrúpulos, sem ética. Tem gente que mente tão compulsivamente quanto se compra ou se come. Tem gente que acredita nas próprias mentiras, e ai de quem perceber. Tem gente que fala como se palavras não representassem gestos nem refletissem condutas. Tem gente que repete as últimas síladas da última palavra que você disse, como se assim se apropriasse da frase, do raciocínio, do conteúdo alheio. Tem gente tão infeliz que quer dos outros aquele patrimônio intelectual individual, e o arcabouço cultural íntimo, o que é intransferível senão por generosidade, troca fraterna. Tem gente que desafia a bondade. Tem gente que não crê no triunfar sob a guia do bem. Tem gente que tripudia das boas intenções. Quando ocorre de cruzar nosso caminho gente assim, uau, é oportunidade divina para afirmação da fé, e isso não se trata de religião. Confiamos em nossas boas intenções, usamos nosso livre arbítrio para escolher não mentir, não aparentar, não desgostar, não prejudicar os outros, não cobiçar do alheio seu ser e estar. Triunfamos no mérito, aprendemos na verdade, vivendo, sem tomar fáceis atalhos. Declinamos de pequenezas, estranhamos mesquinharias. Tentamos, nem sempre conseguimos, afinal, não somos perfeitos, fraquejamos. E somos diferentes, porque as diferenças nos ensinam."

Para ver esse e outros Eco Lógicos, visite: https://www.facebook.com/home.php#!/eco.logico.sustentabilidade


Voltando à C.G. Jung, a mandala simboliza o self "um refúgio de totalidade e reconciliação interior, a síntese de diversos elementos num esquema unificado, representando a natureza básica da existência."