Esses dias me dei conta que, com o passar dos anos, fui adquirindo e exercendo mais e mais a minha feminilidade. Explico: sempre fiz a linha água + sabão neutro + hidratante = estou pronta para sair. Em primeiro lugar, acho que vale dizer que nunca fui o tipo mulherão. Talvez eu seja ou tenha sido o que as pessoas chamam de uma beleza meio selvagem ou natural, sem muito quás quás quás. Tirando a obrigatória depilação que faço, seja aqui ou no inverno inglês, desde os 14 anos, o resto foi vindo com a vida. E claro, um batonzinho não faz mal a ninguém - e pode se morder de inveja, Cristiano Ronaldo!
Lembro quando, aos 12 anos, usei meu primeiro salto alto para sair na rua: um tamanco horrendo com salto acrílico, todo transparente, no qual eu me senti o máximo, uma lady! Logo depois dos primeiros dias da novidade, voltei pros rasteiros e os anabelas, salvo raríssimas exceções. Na Índia, as mulheres adquirem o direito de usar certos adornos depois de casadas, como aquele vermelho no repartido do cabelo. E acho que fui, atabalhoada e espontaneamente, fazendo assim. Só que, ao invés do estado civil servir como abono, foram os anos que o trouxeram.
Aí vai um pouco dessa cronologia da dondoquice:
quando criança adorava me emperequetar toda com os figurinos e bijus da minha avó para fazer "espetáculos caseiros" de teatro, canto e dança (valha-me deus, nossa senhora, que paciência tinham meus avós!);
11 anos - furei as orelhas e passei a usar mini brinquinhos; (meu tio e a mulher dele me levaram para furá-las na finada loja Mesbla - ou seria Sears??? - fiquei tão feliz!)
12 anos - primeiro salto alto;
14 anos - depilação (a primeira é de matar, depois, a gente acostuma e nem liga...);
15 anos - fui ao salão de beleza e voltei pra casa com o cabelo todo encaracolado, não era permanente, era um outro troço, tal de bigudim. Ao chegar em casa, me achando incrível, meu pai me olhou e disse: "tá parecendo um poodle!" (sem comentários!);
17 anos - passei a alternar os confortáveis e eternos brinquinhos com brincos pendurados e argolas (sempre muito leves, que tenho a maior agonia de orelha rasgada, credo!),
18 anos - tatuagem;
19 anos - outra tatuagem;
20 anos- terceira tatuagem (tatuagem vicia.);
26 anos - primeiro sutiã (tudo bem que a anatomia permitia, mas hoje, olhando pra trás, acho que eu era meio totalmente nem aí, tipo despudorada...);
34 anos - passei a pintar as unhas da mão de cores vivas, como rosa, ameixa, chocolate e vermelho;
36 anos - descobri que também podia pintar com cores vibrantes as unhas dos pés (nunca quando as mãos estão pintadas, gosto das coisas desconjuntadas...);
37 anos - primeira vez que deixei alguém fazer as minhas sobrancelhas;
38 anos - passei a tingir os cabelos (não por gosto, mas pelo despontar dos primeiros fios brancos, que parecem ter vida própria);
44 anos - descobri que corretivo é uma coisa sensacional! (obrigada Renata!)
De mulher para mulher, essa blogueira adverte: esse post não tem a pretensão de servir como exemplo de nada para ninguém, os quesitos de
beauté citados aqui foram apenas surgindo como desejos ou necessidades ao longo do caminho. O que eu acho bacana é o "tomar posse" da mulher aos pouquinhos, com gosto e delicadeza. Assim, a idade nova traz também novas descobertas. Invariavelmente, algo de caráter muito pessoal. Pessoal e intransferível.
Isabela em "espelho meu", foto: Renata Corrêa