quarta-feira, 22 de abril de 2009

Relógio biológico - matutino, vespertino ou intermediário?

Nunca gostei de acordar cedo. Na época em que estudava de manhã, tinha que levantar às 5:45 para estar no colégio às 7:00, era um tormento. E, mesmo sendo uma pessoa alerta e falante, sentia que meu rendimento era melhor nas aulas que vinham depois do recreio. Acho que foi nessa fase que decidi que, quando fosse adulta, não teria compromissos de manhã cedo. Isso, infelizmente, não foi sempre possível, pois durante um (curto) período da minha vida, fiz um esforço hercúleo para dar aulas de inglês às 7 da manhã. A ideia de estar com a mente funcionando à todo vapor nas primeiras horas do dia é para mim, um grande esforço.

A verdade é que minha cabeça está acordada em outros horários... Quando comecei a estudar astrologia então, meu relógio biológico ficou patente, pois ainda não havia esses maravilhosos computadores que calculam mapas em segundos e eu fazia os cálculos de cada mapa à mão. Era impressionante como meus cálculos rendiam se fossem feitos à noite, quando o telefone não toca, a campainha não toca, não há distrações. E o mais importante, quando a minha atividade mental está alerta.

No entanto, nada disso é muito bem visto. As pessoas que não têm essa disposição de manhã são alvo de desqualificações, chamadas de preguiçosas, boêmias, e até de vagabundas. Pois bem, por ser um desses seres, me embrenhei numa rápida pesquisa no google e eis algumas das informações que encontrei:

"o funcionamento do organismo é baseado nos estímulos externos que recebemos das mais diversas condições do ambiente no qual vivemos (a luz solar é a principal). Para que o ser humano se adapte a essas variações e para que elas não provoquem uma verdadeira "bagunça", o corpo conta com osciladores internos que mantêm tudo sob controle, conhecidos como relógios biológicos. Há inclusive um ramo da Biologia, a Cronobiologia, que estuda a organização desses relógios.
O ritmo biológico, ou ritmo circadiano, é regido pelo hipotálamo - área localizada no cérebro - que controla o sono e a vigília, a temperatura corporal e até a quantidade de água no organismo. Segundo uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard (EUA), publicada na revista Science, o ritmo circadiano (que se inicia quando acordamos e termina ao dormimos) tem um período de 24 horas e 18 minutos, independentemente da idade. Ou seja, a duração desse ciclo permanece a mesma durante toda a vida, seja bebê, criança, adolescente, adulto ou idoso.
Se todos têm o mesmo ciclo biológico, por que acordar cedo é normal para alguns e não para outros? A explicação vem dos genes. As pessoas apresentam cronotipos diferentes, ou seja, algumas são do tipo matutino, com maior predisposição genética para realizar suas tarefas na parte da manhã, enquanto outras são vespertinas, os típicos "corujas". Além disso, segundo os pesquisadores da USP, a tendência matutina ou vespertina também pode estar ligada ao ciclo de temperatura corporal da pessoa. Os matutinos, por exemplo, atingem o pico alto de temperatura do corpo mais cedo do que os vespertinos.
Os matutinos típicos, que representam de 10 a 12% da população, em geral atingem seu ápice em torno das 13 horas, enquanto os vespertinos, que representam de 8 a 10%, atingem esse pico às 20 horas. Já os chamados indiferentes, que representam cerca de 80% da população, são aqueles que podem apresentar bom desempenho em suas atividades tanto no período matutino quanto no vespertino. O seu pico de temperatura ocorre por volta das 17 horas.

A especialista Roberta Arêas do Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos (GMDRB) da USP também confirma os resultados do estudo. Segundo ela, os bebês costumam dormir 16 horas por dia, mas é um sono polifásico, isto é, eles acordam e voltam a repousar várias vezes ao longo do dia. Com o tempo, a criança apresenta um padrão monofásico de sono e passa a dormir oito horas consecutivas durante a noite.
Na adolescência ocorre um "atraso de fase". Muitos pais têm a impressão de que seus filhos dormem muito, pois costumam se levantar tarde. "A verdade é que, nesse período, o jovem prefere ir para a cama altas horas da noite e, como consequência, acordam mais tarde. Ele não necessariamente dorme mais", explica. Além disso, os jovens têm o hábito de sair à noite durante a semana e passar a madrugada em frente ao computador, situações que alteram o sono.
Os pesquisadores da USP estudaram o rendimento dos alunos da Escola de Aplicação, da instituição, depois de estabelecer uma alteração do horário de suas aulas. Os alunos da quinta série, que estudavam de manhã, passaram a frequentar as aulas no período da tarde. As crianças tiveram uma melhora significativa em seu rendimento escolar, o que comprovou que o entendimento das aulas era pior durante as primeiras horas do dia.
Na fase adulta, o indivíduo volta a ter um sono mais regular, de oito horas consecutivas. Na terceira idade, por sua vez, há um retorno ao padrão polifásico do bebê e a pessoa acorda diversas vezes ao longo da noite, o que dá a impressão de que o idoso dorme menos. No entanto, os mais velhos tendem a cochilar várias vezes ao dia, para compensar o sono fragmentado do período noturno."(reportagem da revista Viva Saúde)

Portanto, se você tem um filho que sofre ao acordar muito cedo, tente matriculá-lo no colégio no período da tarde e deixar que ele faça pela manhã uma atividade física ou lúdica que não exija grande esforço mental. Ele não é vagabundo, ele é vespertino. E mais, ênfases em alguns signos indicam essas tendências: indivíduos com planetas e/ou ascendente em Leão tendem a ser matutinos, já planetas e/ou ascendente em Gêmeos, vespertinos.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Cinema: a melhor escapada

Que atire a primeira pedra quem nunca precisou esquecer quem era por 2 horas na vida! Nessas horas, o cinema é a melhor rota de fuga. Ficam lá fora as contas à pagar, a robalheira dos políticos, as mazelas do cotidiano, ficam barrados todos os problemas existenciais de cada um, que, por alguns reais, pegam um bonde para alguma outra vida em algum outro lugar.

Mais incrível ainda se a vida em questão for a de Poppy, personagem principal do filme Simplesmente Feliz, (Happy-go-Lucky é o título original dessa delícia de Mike Leigh), Urso de Prata de melhor atriz para Sally Hawkins no Festival de Berlin, 2008. Aparentemente, Poppy é uma total cabeça-de-vento, mas, ao longo da narrativa, demonstra ser alguém com um olhar extremamente perspicaz e sensível sobre tudo que a rodeia. O lugar é Londres e a época é agora. Destaque para a professora de flamenco, que é um arraso.

Ali no escurinho do cinema vespertino, onde, além de mim, havia uma dúzia de senhoras de ipanema - algumas sempre over perfumadas, o que não chega a ser um problema, pois é facílimo trocar de lugar - pude me deleitar com o brilhante e singelo roteiro e visitar a Londres que sobrevive escondida em algum canto da minha alma. Um verdadeiro bálsamo.




cartaz de divulgação

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Cuscus marroquino à minha moda

Ótima pedida para a Páscoa!

Ingredientes: (para servir 4 pessoas)
1 kg de camarão
1 cabeça de alho
1cebola grande
2 cenouras grandes
6 colheres de sopa de azeite de oliva
1 colher de chá de curry
2 colheres de chá de cominho em pó
1 punhado de passas pretas
1 punhado de castanhas de caju
2 copos (de 300ml) de cuscus marroquino
1 colher de chá de manteiga
1 molho de coentro fresco
sal e pimenta do reino

Modo de fazer:
Essa é uma receita que faço em 3 panelas diferentes. No final é que junto tudo.
Primeiro limpo o camarão e refogo no azeite e no alho todo socado, sal e pimenta do reino por uns 5 minutos em uma panela. Pronto, deixo quieto.

Em outra panela, faço o cuscus puro, seguindo as intruções da embalagem, que são as seguintes: fervo 2 copos de água com um filete de azeite de oliva. Quando ferver, desligo o fogo e jogo na água a mesma quantidade de cuscus (2 copos). Tampo a panela e deixo o cuscus crescer sozinho por uns 7 minutos. Depois, jogo uma pitada de sal, uma colher de chá de manteiga e dou uma destrinchada com um garfo pra ficar bem soltinho. Pronto.

Enquanto isso, em uma panela grande, refogo a cebola e as cenouras (tudo ralado em tiras) em umas 3 colheres de azeite, quando começa a chiar, jogo o cominho e o curry, vou mexendo, o que faz subir um aroma incrível da panela... aí jogo o camarão, as passas, a castanha de caju e por fim o cuscus, misturo tudo muito bem. Corrijo o sal e, só na hora de servir, junto muitas folhinhas de coentro. Aí, é só comer e correr pro abraço!

Essa é uma receita super versátil (você pode alterar o que vai no cuscus, mantendo a base que são a cebola e as cenouras) e fácil de fazer. No cuscus da foto abaixo, eu não tinha passas e castanhas em casa e botei nirá, ficou delicioso! Aliás gosto de cozinhar assim, coisas práticas que não demorem horas pra preparar. Para isso, utilizo muito o livro de receitas do amigo Pedro Asbeg, "Bonito, Barato e Gostoso - cozinhando com sobras", 7 letras. Nele, Pedro dá receitas fáceis e deliciosas pra fazer com aqueles restinhos de comida que ficam encalhados na geladeira. O bom Pedrinho também dá umas receitas, mais "sofisti", no site do seu bufê Pura Culinária.

http://puraculinaria.com/

E vamos encher a barriga que saco vazio não fica em pé!

foto: Rodrigo Romano - o lindo prato Provence é da ceramista Elisa Ceppas

segunda-feira, 6 de abril de 2009

O laço e o abraço

poema genial da psicóloga Maria Beatriz Marinho dos Anjos:

Meu Deus! Como é engraçado!
Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... uma fita dando voltas.
Enrosca-se, mas não se embola, vira, revira, circula e pronto: está dado o laço.
É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço.
É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido,
em qualquer coisa onde o faço.
E quando puxo uma ponta, o que é que acontece?
Vai escorregando...devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço.
Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.
E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço.
Ah! Então, é assim o amor, a amizade.
Tudo que é sentimento. Como um pedaço de fita.
Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço. Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.
E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços.
E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.
Então o amor e a amizade são isso...
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!




ilustração de Mimi Noland do livro The Little Book of Hugs, Kathleen Keating

sexta-feira, 3 de abril de 2009

O poeta está vivo

Colcha de retalhos em homenagem ao Cazuza, ariano de 4 de abril de 1958:
Mandava o Brasil mostrar a cara e pedia ao senhor que desse grandeza e coragem aos de alma pequena. Exagerado, carente profissional, o maior abandonado só queria te ganhar num salto mortal de iniciante. Adorava um amor inventado, inventava pra se distrair
e queria ter uma bomba, um flite paralisante qualquer, pra tranformar o tédio em melodia.

Disparava, forte, sua metralhadora de mágoas, nadando contra a corrente, só pra exercitar, o que não podia causar mal nenhum. Sabia que seu caminho nesse mundo teria um brilho incerto e
louco. Cazuza nunca quis pouco, queria mudar o mundo com milhares de metáforas rimadas e segredos de liquidificador. E não se importava que mil raios partissem qualquer sentido vago de razão. Cazuza entrava em todas, sem sair do tom.

Sabia que bastava um segundo pra aprender a amá-lo e precisava dizer que amava, contando casos, besteiras, promessas malucas tão curtas quanto um sonho bom. E quem teve coragem de ouvir, amanheceu o pensamento. Pediu a saideira, achando que era brincadeira, que ninguém iria reparar. Saiu dessa vida louca vida, vida breve, pegou um trem pras estrelas e só deixou pra mim um bilhetinho
azul que dizia: viver é bom, nas curvas da estrada, solidão, que nada!



foto 1988, jornal O Globo
http://www.cazuza.com.br/

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Marte e a arte da guerra

No mês dos arianos, os guerreiros do zodíaco, vou relatar uma batalha pessoal:
Moro num prédio de 3 andares, desses antiguinhos, sem elevador, que dá de frente para uns coqueiros e outro prédio similar. Pois bem, coisa de um ano atrás esse prédio da frente do meu foi abordado por uma companhia que aluga terraços de prédios para instalação de antenas de telefonia celular. A coisa funciona mais ou menos assim: a síndica recebe uma oferta que varia entre 3 e 5 mil e cresce o olho pois os condôminos passam a contar com esse dinheiro para abater mensalmente no valor do condomínio. Uma vez assinado o contrato que cede o terraço, a empresa (agora com plenos poderes) aluga o espaço também para outras operadoras de telefonia: ao invés de uma, normalmente acabam instalando umas quatro ou cinco antenas no alto do prédio.

O problema é que, além da poluição visual, essas antenas emitem ondas de radiação eletromagnética horizontal, que causam diversos males à saúde (enxaqueca, infertilidade, distúrbios do sono, abortos e até câncer) e por isso sua instalação deve obedecer aos critérios das leis que as regulamentam, dentre eles, a distância mínima de 300 metros de áreas residenciais, escolas e hospitais (decreto municipal # 19.260 de 8/12/2000). As companhias de telefonia têm instalado essas antenas de forma irregular e como ninguém faz nada, fica por isso mesmo... mais de 83% das antenas de telefonia móvel da cidade funcionam sem autorização dos órgãos competentes.

É aí que entra Marte na jogada, é preciso ter garra, disposição e acreditar que podemos sim, mudar as coisas, mesmo lutando contra poderosos. É bem verdade que fiquei umas três semanas por conta disso, pesquisando na internet, ligando para uma amiga advogada que me ajudou a descobrir e imprimir a lei e outros casos similares que foram ganhos por moradores, indo à divisão de urbanismo da prefeitura pra abrir um processo, tirando fotos pra anexar ao processo, provando que a inatalação era irregular, o que resultou na visita de uma fiscal da prefeitura e no embargo definitivo da obra de instalação. UFA!

Marte é o que nos dá esse ânimo, coragem e ousadia para lutar pelo que acreditamos. É, portanto, um aliado crucial para a sobrevivência. Por estar ligado à asser
tividade e ao ímpeto, ficou relegado ao plano de "inferior", do competitivo, daquele que compra a briga sem saber o porquê, isso não é Marte, é falta de direcionamento da energia do planeta. Não ter atitude, nem sequer tentar é a pior derrota. Vamos em frente. Salve Jorge!

São Jorge de Roger Mello
http://www.capaduraemcingapura.blogspot.com/