sexta-feira, 1 de junho de 2012

Adolescência, sexualidade, orientação e limites

Estava jantando numa varanda e não pude deixar de observar as garotas adolescentes passando em grupo a caminho das casas noturnas de um balneário carioca. A faixa etária variava dos 13 aos 16 anos. O invariável era o figurino: todas vestiam uma blusinha com certo brilho, ultra mini micro saia e sapatos de salto muito alto. A aberração era o  comprimento das saias - ou a falta dele! Não se trata de moralismo, não sou nenhuma paladina da moral e dos bons costumes, mas estavam todas vestidas de periguetes! (Nem vou entrar no mérito da cafonice master dos saltos super altos numa cidade praiana...)

O impacto das ínfimas saias, que acabavam exatamente no início das coxas e nem um milímetro a mais, era tal que, se uma daquelas garotas fosse, por desventura, vítima de violência sexual, tenho certeza que alguém argumentaria a favor do estuprador, dizendo que ela estava pedindo para que isso acontecesse... Me pergunto se os pais (ou responsáveis) acham pertinente, ou ainda por que permitem, que uma mocinha em idade tão tenra saia por aí "vestida para matar". Me pergunto se alguma vez já conversaram com as filhas no intuito de esclarecer questões sobre  sexualidade e sobre a impressão, as vezes totalmente errônea, que uma vestimenta pode causar. O amigo que estava comigo observou tratar-se de um fenômeno da moda Big Brother Brasil... Moda muito deselegante, equivocada e - por que não dizer - perigosa.

Sendo astróloga e terapeuta, parte da minha missão consiste em observar comportamentos e seus desdobramentos. Sei perfeitamente que a adolescência é a fase das descobertas e experimentações, da emergência da sexualidade, da urgência de pertencer ou ser aceita em determinados grupos. E do desabrochar da questão ainda mais profunda que costuma acompanhar as mulheres na vida adulta: a capacidade de despertar o desejo no sexo oposto como validação da sua feminilidade e às vezes, existência.

Apesar do deleite que ser desejada causa na auto estima do feminino, creio que o anseio vá além: as meninas - e mulheres - querem também ser amadas, descobrir os meandros do corpo e as delícias do sexo com um parceiro que seja de alguma forma atento também a dar prazer. Com uma iniciação sexual carinhosa, mesmo apesar dos inevitáveis atropelos da adolescência, podemos construir uma base mais inteira para a sexualidade na vida adulta.

Fica a pergunta: a quem cabe a educação sexual dos nossos filhos? 

 Se você tem um filho ou filha adolescentes e não sabe muito bem como abordar o assunto, recomendo que lhe presenteie com o livro Sexo e Amor para os Jovens, do psicanalista Flavio Gikovate. É objetivo, franco e certamente um bom começo de conversa.