quarta-feira, 25 de junho de 2008

Pra quem gosta de Sex and the City e foi ver o filme

Gosto muito do seriado, com exceção do último capítulo que achei um dramalhão sem par. Mas no todo, me diverti demais com as aventuras das quatro amigas em NY. Acho que havia leveza, veracidade e humor na abordagem das questões das mulheres, suas vidas e relacionamentos amorosos.

Quando estreou o filme, fui logo ao cinema. Fui feliz, como quem vai reencontrar velhas e boas amigas. Até posso dizer que gostei do filme, tipo razoável, mas a verdade é que fiquei chocada com o machismo do roteiro. Vou enumerar:

Carrie: só pensa no casamento. De repente, uma mulher independente e inteligente fica obcecada pela cerimônia, esquecendo de perguntar ao companheiro o que ele gostaria. (Até aí, tudo bem, afinal, o roteirista precisa de uma trama...) Tudo acaba lindamente “sonho dourado” com Big a pedindo em casamento de joelhos num closet (argh!).

Miranda: vivendo um período desvitalizado na relação, essa fica irredutível diante da confissão de uma única pulada de cerca do Steve e se separa. Mas, como ainda se gostam e têm um filho acabam juntos, final feliz.

Charlotte: feliz, feliz, mais feliz ainda de finalmente ter um bebê biológico, lógico!

Samantha: essa então, pelo amor de deus... o que é que fizeram com a Samantha? Tudo bem que ela estava tendo dificuldades em orbitar o tempo todo em torno do marido, isso é mesmo muito chato pra qualquer mulher que se preze. Tudo bem que ela estivesse atormentada pela tentação do vizinho garanhão... mas terminar sozinha, jogando fora o vínculo construído tão lindamente por ela e Smith? Francamente... Quer dizer que a melhor forma de encarar as dificuldades de uma relação, em se tratando de uma mulher assumidamente independente e fogosa, é cair fora dela?

Moral da história (e põe moral nisso): mulher quer casar de véu e grinalda, mulher não perdoa escapulida do marido, mulher quer ter filho que saia da própria barriga, mulher fogosa tem mais é que ficar sozinha. Bonito, os americanos são mesmo um show em matéria de caretice!

quinta-feira, 19 de junho de 2008

As festas juninas e os rituais pré-cristãos

Desde os primórdios, o homem observou a natureza e as mudanças climáticas, constatando que o sol, em quatro determinadas épocas do ano, nascia e se punha em pontos diferentes do horizonte. Assim o calendário celta, por exemplo, determinou os dois solstícios e os dois equinócios, marcando o início de cada uma das quatro estações. Os equinócios marcam a chegada do outono e da primavera, têm dias com a mesma duração e eram comemorados com festas diurnas. Os solstícios, comemorados com festas noturnas, marcam a chegada do verão (dia mais longo do ano) e do inverno (noite mais longa do ano), nos dias 21 e 22 de junho, verão no hemisfério norte e inverno no hemisfério sul, e 21 e 22 de dezembro, inverno no hemisfério norte e verão no hemisfério sul. Os solstícios de verão e inverno sempre foram comemorados com diferentes rituais agrários em celebração ao sol, portanto, festas do fogo.

O solstício de verão do hemisfério norte, um festejo junino, marca o início das colheitas, uma festa dedicada à fertilidade do solo e à proliferação da vida. Há uma infinidade de crenças e ritos que envolvem a noite do solstício de verão: fogueiras, dança, jogos, e muita comida. Era costume as mulheres dançarem nuas pelos campos na véspera do solstício para assegurar a colheita do ano seguinte. Acreditava-se também que tudo aquilo que fosse sonhado, desejado ou pedido nessa noite se tornaria realidade. Tratava-se de uma noite mágica, repleta de significado e esperança, onde era possível fazer pedidos ou prever o futuro: as moças faziam advinhações para saber com quem iriam casar, os rapazes pulavam as fogueiras evocando a fertilidade e a fartura da colheita. As cinzas das fogueiras eram posteriormente espalhadas nos campos para proteger as plantações. Também costumavam banhar-se em rios, cachoeiras e fontes, no intuito de purificação e fertilidade. As ervas tinham um destaque especial nessa data, pois suas propriedades curadoras eram consideradas ainda mais fortes se colhidas nessa noite mágica.

Essas celebrações atravessaram os séculos e hoje dão lugar a ritos religiosos que ainda remetem aos rituais pré-cristãos. O catolicismo celebra o nascimento de São João (o arauto de Cristo) no dia 24 de junho e o de Jesus Cristo no dia 24 de dezembro, exatamente junto com os solstícios. Também no catolicismo, São João é associado às fogueiras, pois foi acendendo uma fogueira no alto de uma montanha que sua mãe Isabel avisou à Maria que seu filho havia nascido. Há lugares onde até hoje a imagem de São João é banhada em um rio nesse dia, para que o santo renove as suas forças e abençoe tudo o que se relaciona com as águas e com os homens.

Trazida pelos portugueses, a festa foi logo incorporada no Brasil, onde comemos derivados do milho, da mandioca e do coco. Ao festejar São João, com fogueira, quadrilha e comidas típicas, continuamos, mesmo que inconscientemente, cultuando a fertilidade, a fartura e perpetuando o contato com a natureza. É uma celebração da vida. Anarriê!

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Quiabinho crocante

Essa receita me foi passada pelo amigo Guilherme Secchin, que além de artista plástico, é também talentosíssimo na cozinha. É um jeito de quem não gosta de quiabo passar a comer esse legume tão apreciado na culinária indiana.

1 kg de quiabo
2 colheres de chá de curry em pó
azeite de oliva para regar

Depois de lavar o quiabo só com água, corte fora o chapeuzinho dele e descarte. Fatie o quiabo em rodelinhas não muito compridas (menos de 1 cm). Coloque numa assadeira, polvilhe o curry e regue com o azeite de oliva. Leve ao forno por mais ou menos 1 hora, dando uma revirada nele de vez em quando com a colher de pau, até ver que está ficando crocante. Quanto mais desidratado ele fica, mais crocante será.

Pode ser servido com arroz ou mesmo como parte da salada. É fácil e delicioso! Ah, rende pouco...


PS- Guilherme falou que esqueci de dizer que tem que secar os quiabinhos depois de lavá-los!

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Texto do rabino Nilton Bonder

Fiquei encantada com esse texto do rabino Nilton Bonder que recebi de uma amiga por email e, como pareço estar numa pausa de inspiração, resolvi publicá-lo:

OS DOMINGOS PRECISAM DE FERIADOS
Toda sexta-feira à noite começa o shabat para a tradição judaica. Shabat é o conceito que propõe descanso ao final do ciclo semanal de produção, inspirado no descanso divino, no sétimo dia da Criação. Muito além de uma proposta trabalhista, entendemos a pausa como fundamental para a saúde de tudo o que é vivo. A noite é pausa, o inverno é pausa, mesmo a morte é pausa. Onde não há pausa, a vida lentamente se extingue.


Para um mundo no qual funcionar 24 horas por dia parece não ser suficiente, onde o meio ambiente e a terra imploram por uma folga, onde nós mesmos não suportamos mais a falta de tempo, descansar se torna uma necessidade do planeta. Hoje, o tempo de 'pausa' é preenchido por diversão e alienação. Lazer não é feito de descanso, mas de ocupações 'para não nos ocuparmos'. A própria palavra entretenimento indica o desejo de não parar. E a incapacidade de parar é uma forma de depressão. O mundo está deprimido e a indústria do entretenimento cresce nessas condições. Nossas cidades se parecem cada vez mais com a Disneylândia. Longas filas para aproveitar experiências pouco interativas. Fim de dia com gosto de vazio. Um divertido que não é nem bom nem ruim. Dia pronto para ser esquecido, não fossem as fotos e a memória de uma expectativa frustrada que ninguém revela para não dar o gostinho ao próximo.

Entramos no milênio num mundo que é um grande shopping. A Internet e a televisão não dormem. Não há mais insônia solitária; solitário é quem dorme. As bolsas do Ocidente e do Oriente se revezam fazendo do ganhar e perder, das informações e dos rumores, atividade incessante. A CNN inventou um tempo linear que só pode parar no fim. Mas as paradas estão por toda a caminhada e por todo o processo. Sem acostamento, a vida parece fluir mais rápida e eficiente, mas ao custo fóbico de uma paisagem que passa. O futuro é tão rápido que se confunde com o presente. As montanhas estão com olheiras, os rios precisam de um bom banho, as cidades de uma cochilada, o mar de umas férias, o domingo de um feriado.

Nossos namorados querem 'ficar', trocando o 'ser' pelo 'estar'. Saímos da escravidão do século XIX para o leasing do século XXI - um dia seremos nossos? Quem tem tempo não é sério, quem não tem tempo é importante. Nunca fizemos tanto e realizamos tão pouco. Nunca tantos fizeram tanto por tão poucos.

Parar não é interromper. Muitas vezes continuar é que é uma interrupção. O dia de não trabalhar não é o dia de se distrair - literalmente, ficar desatento. É um dia de atenção, de ser atencioso consigo e com sua vida. A pergunta que as pessoas se fazem no descanso é 'o que vamos fazer hoje?' - já marcada pela ansiedade. E sonhamos com uma longevidade de 120 anos, quando não sabemos o que fazer numa tarde de domingo.

Quem ganha tempo, por definição, perde. Quem mata tempo, fere-se mortalmente. É este o grande 'radical livre' que envelhece nossa alegria - o sonho de fazer do tempo uma mercadoria. Em tempos de novo milênio, vamos resgatar coisas que são milenares. A pausa é que traz a surpresa e não o que vem depois. A pausa é que dá sentido à caminhada. A prática espiritual deste milênio será viver as pausas. Não haverá maior sábio do que aquele que souber quando algo terminou e quando algo vai começar. Afinal, por que o Criador descansou? Talvez porque, mais difícil do que iniciar um processo do nada, seja dá-lo como concluído.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Futebol e astrologia - fantastique

No blog Planeta que Rola do O Globo Online, Marcelo Alves assina um artigo de 2 de junho falando das excentricidades do treinador da seleção francesa de futebol, Raymond Domenech. Aparentemente, o treinador é um aficionado da astrologia que leva em consideração os signos dos craques ao fazer sua escalação. Até aí, tava achando o treinador chique no último... só de admitir gostar de astrologia e não se importar com os inevitáveis deboches, o cara já merece meu respeito.
Segundo a matéria, Domenech não escala jogador escorpiano nem que a vaca tussa... o que faria dele um verdadeiro bobalhão por deixar de dar oportunidades a jogadores do signo de Pelé, Maradona e Garrincha*. Gente, isso seria preconceito astral! Como assim escorpiano não pode jogar? Admito que são seres intensos, que podem até ser um tanto obsessivos, tanto para treinar, como para emburacar numa jaca qualquer da existência... mas descartá-los? Achei que Domenech fizesse os mapas dos jogadores para entender melhor seus pontos fortes e fracos, para melhor orientá-los. Pode ser que seja isso e que a mídia esportiva tenha o transformado numa espécie de bobalhão esotérico do futebol. Não acredito que Domenech simplesmente barre os escorpianos, afinal, podem ser jogadores implacáveis, sagazes, talentosíssimos – a pequena lista de exemplos fala por si! Dunga não faria uma coisa dessas... primeiro, por aparentemente não ligar a mínima para astrologia, segundo, por ser ele mesmo um escorpiano.

Mais adiante na matéria, Domenech diz ficar de olho vivo ao escalar zagueiros leoninos, pois teme que “cedo ou tarde tentem alguma coisa idiota”. Leoninos podem mesmo querer aparecer desenvolvendo jogadas individuais, o que é um grande risco para um jogador de defesa... Bom lembrar que futebol é um jogo de espírito de equipe (qualidade do signo de Aquário). Atenção treinador, arianos também podem se destacar em jogadas individuais, pois são fominhas em campo e têm pavio curto, mas costumam ter excelente arrancada e chutes que são verdadeiras bombas. Como em tudo o mais, cada signo tem seus defeitos e seus méritos.

Bem, voltando ao treinador, que por sinal é aquariano, Raymond Domenech não deve ser tão tolo assim, com seu método eclético, convenceu três veteranos em vias de aposentadoria – Zidane, Thuram e Makelele - a integrarem mais uma vez o time e assim levou les bleus à final contra a Itália na Copa de 2006.

Por conta dessa história, saí pela Internet pesquisando as datas de nascimento de craques atuais e de outros tempos, daqui e de outros países. Não consegui os horários, segue então uma lista curiosa dos signos dos jogadores:

Áries: Rivaldo, Luisão, Emerson, Roberto Carlos, Ronaldinho Gaúcho, Edmundo, Bobby Moore , Baggio, Makelele

Touro: Lúcio, Gilberto, Kaká, Dodô, David Beckham

Gêmeos: Cafu, Ricardinho, Cris, Elano, Vagner Love, Paul Gascoine

Câncer: Cicinho, Zé Roberto, Carlos Alberto, Riquelme, Messi, Platini, Zidane, Fabien Barthez

Leão: Thierry Henry

Virgem: Alexandre Pato, Julio César, Denílson, Deco, Beckenbauer

Libra: Gilberto Silva, Dida, Ronaldo Fenômeno, Roque Junior, Falcão, Paolo Rossi, Trezeguet

Escorpião: Pelé, Maradona, Garrincha, Luis Fabiano, Fred, Robert Pires, Van Basten, Luis Figo

Sagitário: Gary Lineker, Passarella

Capricórnio: Rivelino, Jairzinho, Marcelinho Carioca, Thuram

Aquário: Robinho, Adriano Imperador, Tostão, Juninho Pernambucano, Juan, Cristiano Ronaldo, Rogério Ceni, Sócrates, Romário, Batistuta, Patrick Vieira

Peixes: Diego, Vampeta, Thiago Neves, Zico


* há dúvida sobre o signo de Garrincha: em alguns registros, a data de nascimento do saudoso jogador é 18 de outubro, o que o faria libriano, em outros, consta como tendo sido dia 28 de outubro, caso no qual ele seria de Escorpião.







Link do artigo: <
http://oglobo.globo.com/blogs/planetaquerola/post.asp?t=domenech_suas_manias&cod_Post=105829&a=419>

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Vulgo "inferno astral"

É popularmente conhecido como inferno astral o mês que antecede o aniversário de cada um, (por exemplo, se uma pessoa nasceu dia 15 de setembro, seu inferno astral começaria em 15 de agosto). Particularmente, acho o termo “inferno” muito infeliz e vou tentar aqui explicar porque.

Todos os anos, (no dia anterior, no dia exato ou no dia seguinte ao nosso aniversário), o Sol volta para a posição zodiacal onde estava no ano em que nascemos, o que é chamado de "revolução solar". O aniversário marca, portanto, o fim do ciclo solar de um ano e o começo de um outro ciclo de um ano, um novo ano, um reveillon particular. Deixamos de ter uma idade para ter outra, é um rito de passagem. Costuma-se celebrar essa data, (lembrando simbolicamente o nosso nascimento), dando boas-vindas ao novo ano de vida com família, amigos, música, comida, bebida, dança, enfim, com um pequeno ritual.

O inferno astral seria, então, o mês que marca o fim de um ciclo, um período de morte do velho ano que deveria ser usado para uma reflexão. Reflexão é algo que exige certa introspecção, um pouco de paz para podermos fazer um balanço do ano que acaba, e também um pouco de serenidade para pensar sobre nossos planos para o ano que começa... será que há planos?

Como no reveillon, há aqueles que decidem que vão ter um filho naquele ano, outros, decidem malhar mais, outros, que vão procurar um novo trabalho ou aprender um novo idioma, e há resoluções menos objetivas, mas não menos importantes, como ser mais tolerante, ouvir mais, dedicar mais tempo a um ente querido... a lista é infinda. Também não precisa ser o mês anterior ao aniversário para decidirmos algo novo... pode ser qualquer dia...o importante é olhar para esse mês chamado (a meu ver, injustamente) de “infernal” como uma chance de analisar e também valorizar a vida.

PS - Num tempo onde envelhecer é tão mal visto, desconfio que o termo deva ter sido inventado por alguém que não gostava nem um pouco de ficar mais velho, daí o “inferno”! Porém, envelhecer é exatamente o que acontece quando dá tudo certo e a gente continua vivo...