quinta-feira, 19 de junho de 2008

As festas juninas e os rituais pré-cristãos

Desde os primórdios, o homem observou a natureza e as mudanças climáticas, constatando que o sol, em quatro determinadas épocas do ano, nascia e se punha em pontos diferentes do horizonte. Assim o calendário celta, por exemplo, determinou os dois solstícios e os dois equinócios, marcando o início de cada uma das quatro estações. Os equinócios marcam a chegada do outono e da primavera, têm dias com a mesma duração e eram comemorados com festas diurnas. Os solstícios, comemorados com festas noturnas, marcam a chegada do verão (dia mais longo do ano) e do inverno (noite mais longa do ano), nos dias 21 e 22 de junho, verão no hemisfério norte e inverno no hemisfério sul, e 21 e 22 de dezembro, inverno no hemisfério norte e verão no hemisfério sul. Os solstícios de verão e inverno sempre foram comemorados com diferentes rituais agrários em celebração ao sol, portanto, festas do fogo.

O solstício de verão do hemisfério norte, um festejo junino, marca o início das colheitas, uma festa dedicada à fertilidade do solo e à proliferação da vida. Há uma infinidade de crenças e ritos que envolvem a noite do solstício de verão: fogueiras, dança, jogos, e muita comida. Era costume as mulheres dançarem nuas pelos campos na véspera do solstício para assegurar a colheita do ano seguinte. Acreditava-se também que tudo aquilo que fosse sonhado, desejado ou pedido nessa noite se tornaria realidade. Tratava-se de uma noite mágica, repleta de significado e esperança, onde era possível fazer pedidos ou prever o futuro: as moças faziam advinhações para saber com quem iriam casar, os rapazes pulavam as fogueiras evocando a fertilidade e a fartura da colheita. As cinzas das fogueiras eram posteriormente espalhadas nos campos para proteger as plantações. Também costumavam banhar-se em rios, cachoeiras e fontes, no intuito de purificação e fertilidade. As ervas tinham um destaque especial nessa data, pois suas propriedades curadoras eram consideradas ainda mais fortes se colhidas nessa noite mágica.

Essas celebrações atravessaram os séculos e hoje dão lugar a ritos religiosos que ainda remetem aos rituais pré-cristãos. O catolicismo celebra o nascimento de São João (o arauto de Cristo) no dia 24 de junho e o de Jesus Cristo no dia 24 de dezembro, exatamente junto com os solstícios. Também no catolicismo, São João é associado às fogueiras, pois foi acendendo uma fogueira no alto de uma montanha que sua mãe Isabel avisou à Maria que seu filho havia nascido. Há lugares onde até hoje a imagem de São João é banhada em um rio nesse dia, para que o santo renove as suas forças e abençoe tudo o que se relaciona com as águas e com os homens.

Trazida pelos portugueses, a festa foi logo incorporada no Brasil, onde comemos derivados do milho, da mandioca e do coco. Ao festejar São João, com fogueira, quadrilha e comidas típicas, continuamos, mesmo que inconscientemente, cultuando a fertilidade, a fartura e perpetuando o contato com a natureza. É uma celebração da vida. Anarriê!

6 comentários:

Anônimo disse...

Anarriê! Nosso fim de semana em pleno solsticio ja começou pro-me-ten-do farturas e felicidades mil!!!!! :)

Até la,
MUACK
Gito

ps:os moços também podem dançar nus para celebrar a fertilidade? :D ahaha

Adriana Pinheiro disse...

Acho que sim, na verdade, acho que por ser uma noite quente no hemisfério norte, os casais dançavam, bebiam, comiam, se amavam e dormiam ao ar livre! Tudo pra garantir a fertilidade da mãe terra! beijo

Anônimo disse...

V nasceu depois de eu ter ido a
uma festa junina.
Comi de tudo, todos estes doces
típicos e vi muita criança dançando
quadrilha.

Anônimo disse...

"A-M-E-I!!! Fartura ,fertilidade e natureza!! Sempre amei as festas juninas, e nem sabia o porque!! Rsrsrs Parabéns! Seu blog é o máximo!!! bjkas Flavia"

Gastão Brun disse...

Fertilidade ....hum....vou fechar os olhinhos e pensar bem forte !

Adriana Pinheiro disse...

detalhe: esse comentário anônimo que fala da pessoa que nasceu depois da mãe ter ido a uma festa junina e comido muito doce e visto muita crinaça é da MINHA MÃE!!! que fique claro: meu amor pelos festejos vem do útero!