sábado, 3 de agosto de 2013

Liberdade para as borboletas

Tenho pensado muito sobre a postura das mulheres. Falo daqui do Rio de Janeiro, mas creio estar falando do Brasil como um todo, um país que se diz católico, talvez neo-evangélico. Duas doutrinas que repreendem e amarram terrivelmente o feminino. No catolicismo, a santíssima trindade é pai, filho e espírito santo. O feminino é excluído ou retratado aos pedaços: Maria, a virgem, é mãe e santa, Madalena, a prostituta. Creio que a grande maioria das mulheres esteja em algum lugar do meio nessa pobre e indigesta composição. As igrejas trabalham pelo enfraquecimento da mulher, suas escolhas e liberdade de ação.

De muito pouco vale que hoje sejamos chefes de família se não mudarmos a postura machista de submissão sem consciência ou visão, onde a repressão passa a vir das das próprias mulheres para com suas semelhantes, filhas e irmãs. O machismo é assim perpetrado de geração em geração. Triste. Uma atitude sombria e arrogante. Irônico que ao olhar para países muçulmanos, por exemplo, essas mesmas mulheres se digam horrorizadas com as mortes por apedrejamento, as burcas, a remoção dos clitóris... Quando, no simbólico, estão, elas mesmas, escondidas atrás de burcas da hipocrisia, apedrejando com severas críticas, julgamento e superioridade as que tentam se libertar e ter voz, repreendendo todo o tempo o prazer da outra. É nesse lugar da repressão simbólica, em nome da sociedade, da moral e dos bons costumes, que está a mulher brasileira.

Não quero ofender a fé de ninguém, trata-se de uma questão tão arraigada que é difícil crescer aqui e buscar alguma outra percepção. Todas já sentimos na carne a dor do preconceito e da submissão. A autoanálise é fundamental para o processo de vida, saúde e evolução do feminino. Chega de submissão e repressão, sinceramente. Meu amigo, o astrólogo Marcos Kolker observou: "A primeira forma de opressão que se conhece na sociedade é a do homem sobre a mulher. Engels dizia isso.Tirar o direito das mulheres e tirar o direito sexual de uma pessoa é fascismo, e é a raíz das tiranias e opressões!" 



É preciso estarmos atentas sempre aos nossos atos, posturas e palavras, se quisermos, um dia, caminhar para fora dessa armadilha letal.