sábado, 11 de dezembro de 2010

Poema de família

Hoje, conversando com meu pai, ele citou uns versos de um poema de Rudyard Kipling, que meu avô, pai dele, deu para ele ler quando tinha 15 anos. Qual não foi a surpresa do meu pai ao constatar que eu não sabia dessa história, sequer conhecia o poema...
Como rege a sincronicidade, chegou em muito boa hora. Histórias e poemas, passados de geração em geração, vão criando assim uma estrutura dorsal para a família (ou a tribo).
Vamos a ele:

Se

Se és capaz de manter tua calma,
quando,
todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando estão todos duvidando,

e para esses no entanto achar uma desculpa.

Se és capaz de esperar sem te desesperares,

ou, enganado, não mentir ao mentiroso,

Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,

e não parecer bom demais, nem pretensioso;


Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires,

de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,

tratar da mesma forma a esses dois impostores.
Se és capaz de sofrer a dor de ver
mudadas,
em armadilhas as verdades que disseste

E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,

e refazê-las com o bem pouco que te reste;


Se és capaz de arriscar numa única parada,

tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.

E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,

resignado, tornar ao ponto de partida.
De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
a dar seja o que for que neles ainda existe.

E a persistir assim quando, exausto, contudo
resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,

e, entre Reis, não perder a naturalidade.

E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,

se a todos podes ser de alguma utilidade.

Se és capaz de dar, segundo por segundo,

ao minuto fatal todo valor e brilho.
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,

e - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!


(Tradução de Guilherme de Almeida do poema If)

Adorei!Page Decoration - illustration by Rudyard Kipling (1865-1936) 1926

1 comentários:

Anônimo disse...

Adriana, Querida! Que lindo.
Tocou-me profundamente, claro...
A Terra é Nossa!!!!!

Beijos & saudades.
Lisboa continua fria...