segunda-feira, 29 de março de 2010

Trânsitos de Plutão, o poderoso

Chamamos de trânsitos de Plutão as períodos em que o nano-planeta lá confins da galáxia faz aspecto (um ângulo) com um planeta que temos na carta natal ou com um importante ângulo do mapa natal (ascendente, descendente, fundo do céu e meio do céu). Como o sujeito anda devagar, seus trânsitos são raros e únicos, e duram cerca de 3 ou 4 anos. Ainda bem que levam esse tempo todo acontecendo, pois as transformações realizadas são tão profunadas que não poderiam mesmo ser elaboradas por nós num período mais curto.

Plutão é Hades na mitologia grega, o senhor dos mortos e do mundo subterrâneo (leia-se senhor do inconsciente), um cara de decisões irrevogáveis, de quem ninguèm (nem Zeus) ousava discordar. Pouco saía do seu reino e, diferente dos demais deuses, que viviam se metendo em várias aventuras amorosas, Hades apaixonou-se uma única vez e abduziu sua amada Perséfone para viver com ele em seu sombrio reinado. Toda mitologia plutoniana está ligada ao processo de morte e renascimento.
Plutão gosta das profundezas, do que é denso e intenso, é um planeta sem olhos para o superficial. Suas transformações são profundas e têm o gosto da irrevocabilidade, de que nunca mais as coisas serão como antes. E não são mesmo. Somos revolvidos por dentro. Quando se fala do senhor da morte, logo pensamos em morte física: na nossa morte ou morte de um ente querido, mas quero ressaltar que, embora as mortes acima não estejam descartadas - nem em trânsitos de Plutão, nem nos de outros planetas - a morte descrita por Plutão é uma morte simbólica. A morte de uma fase, a morte de uma faceta da gente, da morte da inconsciência de determinados aspectos do eu.

O cunho psicológico de um trânsito dessa monta é um maior reconhecimento da nossa essência e de nosso todo para que vivamos mais de acordo com quem somos. Daí termos a impressão de que estamos diante de decisões e escolhas de extrema importância. Na maioria das vezes, a escolha se restringe apenas a simplesmente "fazermos bom grado aquilo que sabemos que temos que fazer", frase do eterno mestre C.G.Jung. Note que a escolha aqui é o estado de ânimo com que encaramos a inevitável batalha.

Trânsitos de Plutão exigem uma viagem aos quartos escuros da alma. Lá, junto com os ratos, medos e aspectos ocultos do eu, estão também nossos maiores tesouros. Não dá pra chegar aos tesouros sem encarar a sujeirada. Gosto da imagem do dragão que guarda o tesouro. O dragão pode ser uma renúncia, uma perda, uma traição, uma rejeição, uma dependêcia, e precisamos enfrentá-lo para poder então fazer o caminho de volta à vida. É sofrido, mas vale a pena. A recompensa é o desabrochar. Crescemos. Nos descobrimos mais fortes do que pensávamos ser, mais íntegros do que éramos e mais alinhados com nosso propósito de vida.

pintura de C.G. Jung, Shadow Cornered (Sombra Encurralada).

8 comentários:

Anônimo disse...

Olá Nhá Drica, que texto gostoso esse sobre Plutão. Sempre um prazer passar por aqui e receber esse papo gostoso, descontraído e que sempre acrescenta. Adorei. Beijo grande e continue na produção. Nho Nando

solange casotti disse...

Amei a profundidade da coisa toda!
Outro dia estava lendo sobre o amor e o poder, tem que haver um equilíbrio entre os dois, senão sai tudo do "eixo". Por isso o mundo está assim!
Kisses Sol.

Jacqueline Gagliardi disse...

Oi Adriana,
Primeiro, parabéns pelo blog, tenho acompanhado. Tudo de muito bom gosto, a estética, os temas, a forma como você aborda.
Segundo, gostei particularmente do texto sobre plutão. Estou com ele no meu pé há uns quatro anos e não tem sido fácil. Assim que faço aniversário corro para a revolução anual só com o desejo de ver se ele já resolveu sair da minha vida, mas eis que ainda o encontro. O cara é mesmo devagar, rs! Mas como você disse que é um trânsito raro, resolvi ser mais paciente com ele e ter coragem de uma vez de encarar essa sombra, não posso perder essa oportunidade, não é? Grande abraço!

nós duas disse...

Adorei!

bia casotti disse...

Poderoso eh o seu texto !!! Bjs

Marcio Allemand disse...

Hummmm... vai ver é por conta dele que tenho andado meio "assim assim" faz um tempinho já!

Anônimo disse...

Realmente, estou plutônico, iônico e sem tônico!!!

Adriana Pinheiro disse...

rsrsrs Adorei!