sábado, 13 de novembro de 2010

Argila Real Brasileira

O Brasil não é só verde anil e amarelo, o Brasil também é cor de rosa e carvão.

Esse é um verso de Carlinhos Brown. Músico, brasileiro, baiano, negão, com dreadlocks de rasta. Obra incrível, composta de música, letra e alma.

Quem pensa que Carlinhos Brown é um negão do Pelourinho que bate tambor e casou com a filha do Chico Buarque, tá errado não, mas pensar que ele é só isso? Precisa rever os conceitos: visão limitada, bitolada, preconceituosa, e porque não dizer, muito racista. Um racismo velado e oculto, que teima em imperar no país onde "ninguém é racista", o tal que não é só verde, anil e amarelo.

Um monte dessa gente, que diz que não gosta do Brown, adora e canta as músicas dele, sem saber, as gravadas por Marisa Monte e Caetano Veloso. Mas bóra falar na grandeza da obra desse compositor, também poeta, daqueles que escrevem torto e fundo. Tô louca para ter o novo cd, Diminuto, pra poder sorver cada pedacinho com atenção e cuidado. Pode pegar um cd qualquer do Brown e escutar os arranjos das músicas, a combinação de orquetra com percussão, as delicadas misturas que ele faz. Há canções de leveza ímpar. Há anos estudo Carlinhos Brown, ouço suas músicas e escrevo num caderno as letras que ele compõe. Poeta de primeira. São versos de diferentes canções do Carlinhos Brown:

No colo do firmamento
Vivo
No andar da mão
Há flores quando o jarro é a esperança
Sei de moças espinhos
Olha já
I love e you?
Não segue de longe (serve)
Para perto do peito vem
Teu ar me arde
Vives na lembrança sol a pino
I'm falling in love
(em Hawaii e You)

Na boa viagem
que salva a saudade,
tu fazes tour no meu pensamento
Vou na bagagem onde vai teu perfume
e não sabes tu o que sinto por dentro.
(em Tour)

Solidão
A vida nos fez
Apesar de ter
Solidão
Não sei pisar no breque
Tomo charrete
Pros lares de rubis
Pensando nisso
Pensando nisso
Senti felicidade sem fim
Se for passar precisos sarar
É quase inútil
Ficar de ir
Ficar de vir
Ficar feliz isso sim
(em Mares de ti)

Com o coração cansado de sofrer
Juras jurei
Jurei que jamais
Ia por nada chorar
Fui promessa de samba melancolia
Jurei te amar
Na saúde na doença e na dor
É bom cumprir as juras de amor
(em Juras de Samba)

Não se acaba a opressão
Sem mudar o coração
Não há lixo lá do céu
Quem jogou você ao léo
Se jurei errei
Há um vírus só nosso
Quero mais um bem
Mas a dor é um negócio
Todos querem amar mais a vida de mortais
Míssil miscigenação cura o mundo de ilusão
(em Alá a A)

Flores que ofertamos
e que nunca morrerão
em vasos e jarros se bronzeiam
Os anjos de onde vem
sua vida
bem-vinda
a trilha
Os livros não são sinceros
Quem tem Deus como império
No mundo não está sozinho
Ouvindo sininhos
(em Magamalabares)

Por favor, ouça antes de criticar! Argila)


1 comentários:

nós duas disse...

Ah... O mundo é melhor por causa de poesia!