quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Homenagem à Janaina

Queria vir aqui falar de alguma coisa alegre e bem leve, e de certa forma até que vou chegar lá. Afinal, esse é o meu blog e se ele não tiver uma proposta minimamente pessoal, vai virar alguma coisa falsa que não sou eu. Então aí vai mais uma postagem sobre a morte, mas também e mais primordialmente sobre a vida, essas duas companheiras inseparáveis. Vamos aos fatos: minha irmã Janaina, 12 anos mais jovem que eu, morreu de complicações decorrentes de uma leucemia no último dia 25. Mesmo com o diagnóstico da doença (que ocorreu há mais ou menos um mês) e o tratamento (que se não cura, mata), ela permaneceu alegre, doce, alto astral, forte, mantendo um bom humor diante da adversidade do qual só um sagitariano é capaz.

Era uma garota linda e verdadeira. Foi mãe aos 18 anos e levou firmemente adiante o projeto da maternidade e o casamento, teve outra filha aos 26 anos. Ainda assim, se formou bióloga. Era imensamente dedicada às filhas, adorava ser mãe. E só bem recentemente, nos últimos dois anos, investiu, felicíssima, na carreira de doula. Pra quem não sabe, a doula é uma espécie de parteira, mulher que acompanha a gravidez, o parto e o pós-parto, dando suporte físico e emocional à mãe e ao bebê. A doula faz o papel da mulher mais experiente, aquela que visita a casa da nova mãe e faz uma comida ou cuida por algumas horas do filho mais velho da parturiente, por exemplo, pra que esta possa se dedicar ao bebê com mais conforto. A palavra "doula" vem do grego e quer dizer "mulher que serve". Janaina estava maravilhada com a nova formação, queria ajudar, estava à serviço do feminino, sabia fornecer esse amparo. E acho muito lindo que ela tenha encontrado sua vocação assim, servindo às mães e seus filhos, afinal, minha irmã era Janaína, nome de composição iorubá: iya "mãe" + naa "que" + iyin "honra".

Para nós que ficamos, uma perda sem explicação, um desfalque irreparável. Não sei se o leitor já ouviu falar dos 5 estágios do luto: negação ou isolamento, raiva, negociação, depressão e aceitação, mas sinto como se eles tivessem sido batidos num liquificador e ficassem se alternando dentro de mim. Vou, mais uma vez, recorrer à frase de Antoine de Saint-Exupéry:
"Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós."

homenagem à minha irmã, Mãe Menininha, Mãe de todas as Mães, Janaina, Iemanjá, Rainha do Mar

Se você quiser ler o que o meu irmão, Pedro, escreveu sobre a Janaina, visite http://www.utops.com.br/

11 comentários:

Anônimo disse...

minha querida,

antes de mais nada , gostaria de te dizer que sinto muito. MESMO. não sabia que sua irmã estava doente, e que haveria um desenlace tão terrível...

o texto é lindo, porque é simples, verdadeiro, emocionado.

beijo e um abraço bem bem forte.
Claudia Hersz

Anônimo disse...

Querida Adriana, Neste momento em acabo de ler o que você escreveu o que sinto é que Deus permitiu que acontecesse uma barbaridade. E, nestes momentos, e assim a quente, a zanga com Ele é enorme, e a revolta e a raiva misturam-se e fica tudo uma enorme confusão de certezas e dúvidas...Mas no meio disto tudo deixo-lhe um beijo e um abraço bem forte. É lindo o que escreveu sobre a sua irmâ...
I.

JuSaad disse...

Adriana, querida. Muita força e amor! Um abraço bem forte, Ju

Anônimo disse...

Amiga, acho que nem preciso dizer o quanto eu lamento e o quanto estou do seu lado neste momento tão difícil para vc e sua família.
Beijo grande e amo muito vc!!!!

Angela disse...

Querida Adriana. Muito triste o aconteceu com a Janaína. Enviei uma mensagem para o Murilo porque a covardia me impediu de ligar para ele. Apesar de não ter conhecido a Janaína,o que lamento muito,ela era da família e sei que era uma pessoa do bem. Aliás não poderia ser de outra maneira, ela era neta de dona Helena e Sr Nunes e filha do nosso Murilo. Um grande beijo para você e todo o meu carinho. Tia Angela

Anônimo disse...

"A vida é mesmo coisa muito frágil, uma bobagem, uma irrelevância diante da eternidade do amor de quem se ama..." Nando Reis


Querida, sou doula e descobri há poucos dias que Janaína também era...
Era uma doula muito, muito querida...
As mensagens nos grupos são de grande tristeza por essa perda... E eu, certamente compartilho dessa tristeza!
Depois desse turbilhão de emoções que é o luto, sobrará a saudade. As vezes insuportável, aquela que dói fisicamente...
As vezes uma doce lembrança de momentos felizes que viveram juntas....
Viva um dia de cada vez e conte comigo hoje e sempre.

Beijos,
Helena

Adriana Pinheiro disse...

Minhas queridas, estava muito na dúvida se publicava ou não um texto sobre a Janaina. Nessas horas, a nossa tendência é calar.
Mas estou contente de ter feito a homenagem. Primeiro porque tenho certeza que ela iria adorar e também porque o carinho de vcs é vital. Muitos beijos

Naná disse...

Dri, muita força pra vc enfrentar essa saudade... sua homenagem foi linda, delicada e amorosa como vc sempre é. Um beijo e um abraço muito apertado!

Anônimo disse...

Querida Adriana

Lamento e me solidarizo com a sua dor. A morte é uma extensão da vida, daí, mais uma vez, a citação de Exupery cai como uma luva.E que você continue com o legado da Janaína, mas como a excelente astrologa que você é.

Um Beijão

Luiz Guilherme de Beaurepaire

Anônimo disse...

Há 32 anos, quando eu trabalhava no PACAL com seu pai, meu dileto amigo, perdi um filho que tinha 12 anos (1977) e esse dileto amigo consolou-me com uma solidariedade muito especial.Há um ano e nove meses minha esposa de 52 anos faleceu e, novamente o dileto amigo se fez presente com palavras de solidário carinho. O tempo não dilui a dor (como muitos dizem) apenas transforma-a em saudosa e dolorosa lembrança. O que pode aliviar-nos o coração ferido é a solidariedade que possamos receber, como se fossem mãos ajudando-nos a continuar caminhando pela estrada da vida.
Ronaldo Chagas Nunes

Adriana Pinheiro disse...

Ronaldo, que alegria vc por aqui! Lembro-me perfeitamente de quando seu filho morreu(Leonardo,se não me engano). A morte dele me impactou muito. Lembro-me também da sua linda filha Adriana, que tinha os cabelos longos e dourados na época. Acho que a perda do seu filho influenciou meu pai a ter mais filhos rsrs naquele tempo, era só eu... e ter ganho irmãos foi uma grande alegria para mim. Uma pena eu não ter seu email, vou tentar pegar com meu pai. Muito bom saber que meu extraordinário pai cultiva amigos com a mesma verdade, simplicidade e companheirismo que ele tem com os filhos. Muito bom contar com seu carinho e apoio. Muito obrigada po tudo. Um forte abraço pra vc.