domingo, 18 de maio de 2008

A nova família

Outro dia estava em uma festa de aniversário quando o assunto cambou para o fato de reis e rainhas não viajarem no mesmo avião que seus herdeiros, pois em caso de acidente, o país ficaria sem monarca. Foi quando uma amiga disse: "taí a vantagem de filhos de pais separados: eles nunca vão perder pai e mãe em um mesmo acidente!" Inicialmente, todos acharam graça, mas dali por diante, começamos a enumerar os ganhos da criança de pais separados, e ao contrário do que se pensa, eles existem.

O divórcio marca o fim de um casamento, não o fim da família. É natural que inicialmente as coisas fiquem um pouco confusas até que todos tenham se adaptado à nova condição. O essencial para os filhos é não virarem moeda de troca, não serem postos no meio da briga. Que os pais se tratem com um mínimo de civilidade e não fiquem falando mal um do outro. Se há mágoas, que essas sejam trabalhadas com amigos e terapeutas, não com as crianças. Filhos querem poder estar com pai e mãe em datas importantes, como aniversários e apresentações do teatro da escola, sem que o fato estarem todos em um mesmo lugar seja motivo de tensão e conflito.

Quando os pais recasam, as famílias crescem, o filho passa a ter mais referências, mais pessoas a quem recorrer, a quem amar. As famílias ganham agregados, novos tios, avós, graus de parentesco tão novos que não há termos em nossa língua para designá-los. Usamos "avô-postiço" e "tio-emprestado", mas o "postiço" e o "emprestado" já estragam um pouco o vínculo. Meu pai, por exemplo, tem quatro filhos de outros casamentos e nunca os apresento como "meio-irmãos", refiro-me a eles como irmãos simplesmente, e quando tenho que explicar, prefiro dizer que são meus irmãos por parte de pai, acho mais simpático.

Temos muito o que aprender sobre a nova família, por isso recomendo a todos o livro DUAS CASAS E UMA MOCHILA que a terapeuta de família Sonia Mendes lança no próximo dia 25. Tenho certeza que o livro vai ajudar muitas crianças e pais a viverem melhor esse momento tão conturbado da separação.

2 comentários:

Pedro Nunes disse...

Eu definitivamente não entendo esse povo que faz drama diante da possibilidade de ter pais divorciados. Em certos momentos pode ser meio xarope, mas no geral é a coisa mais legal do mundo. Quando seus pais estão separados, 50% do seu trabalho como filho tá feito: o inimigo foi convertido em dois fronts diferentes. Como a estratégia mais básica da guerra é dividir e conquistar, a partir daí a conquista se torna fácil. Colocando as coisas de uma maneira que eles não consigam se comunicar com muita eficiência, sua vida tá ganha: assim que um começar a encher o saco, corre pra casa do outro e passa uma temporada por lá.

Nada é mais fácil de lidar do que pais saudosos.

Coisa mais besta, essa de pai e mãe juntos, debaixo do mesmo teto, criando um eixo do mal pra azucrinar sua vida. Eu, hein. Pra mim isso é o nono círculo do inferno.

Adriana Pinheiro disse...

até que enfim, vida inteligente na terra, e muito inteligente!!!!quanto aos pais não dialogarem...Pedro, que coisa mais antiga! Mas é isso mesmo, estratégia é estratégia, e os pais que forem trouxas de cair nessa cilada, bem, vão colher direitinho o que plantaram! beijos