Acabei de ler um livro chamado O Mundo Pós-Aniversário, de Leonel Shriver. Logo no começo da história, a personagem principal, que é casada, sente enorme atração por um amigo do casal. A partir daí, o livro se alterna em duas narrativas. Na primeira, ela resiste à tentação e continua casada, embora empurrando para debaixo do tapete seus anseios e frustrações para não "criar problema". Na segunda, ela inicia um romance com o amigo e deixa o marido para ir viver o novo amor. Nessa segunda relação, ela se vê relegando o seu trabalho para orbitar em torno do novo marido. De uma ou outra forma, a trama nos faz refletir sobre temas como segurança, submissão, auto estima, erotismo e tudo o que compraz o universo ou papel do feminino dentro de um relacionamento amoroso. É impossível não se identificar com a personagem e também não se aturdir com as "burrices" dela... uma leitura muito interessante e instigante que nos coloca frente à frente com nossas próprias barganhas relacionais.
É essencial ressaltar o quanto, apesar de todas as conquistas no âmbito sócio-econômico, nós mulheres continuamos tendo a vida amorosa como fonte primordial de validação da nossa existência/felicidade. Talvez por questões fora do alcance consciente... Recebemos uma herança de crença coletiva que pode sussurar ou gritar frases como "você é independente demais para atrair um homem", "o fim do seu casamento foi culpa sua, você não soube "segurar" o seu marido", "coitada de você, está sozinha... não dá sorte nos relacionamentos!" Se essas vozes estão secretamente no comando, que preço estamos dispostas a pagar para ter um relacionamento? Calar essas vozes talvez seja uma tarefa individual, mas que precisa ser trazida à luz da discussão se for para transmitirmos às gerações futuras conceitos mais flexíveis de felicidade.
No último programa Saia Justa, exibido no GNT, foi posto em debate o resultado de uma pesquisa da cientista social Debora Emm, exatamente sobre esse tema. A revelação de um segredo íntimo, a nossa sensação de inadequação ou incompetência quando estamos sozinhas. Vale assistir:
domingo, 15 de maio de 2011
Um homem pra chamar de seu
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8 comentários:
É uma pena que essa questão seja verdadeira. A mulher, mesmo aquelas ditas bem-resolvidas, no seu íntimo, querem ser "validadas" por alguém.
Lembro da minha longa estada na vida solteira e consigo perceber claramente a angústia citada, mesmo em momentos de felicidade, na mais completa solteirice.
Acho que precisamos de mais algumas gerações para tirar essa coisa ruim que é ter que ser 'validada' por alguém. Isso é injusto.
Este livro que você acabou de ler é o primeiro na fila de leitura do Pedro. Assim que ele terminar, serei eu.
Antes dele vou encarar A Insustentável leveza do ser, já leu?
Beijo grande.
Preciso ler, preciso ler!!!!
Valeu pela dica.
Beijo
Tô louca pra ler esse livro, Adri.
Saco termos que, ainda hoje, ouvir o ronco surdo de cobranças tais como: casamento, marido, filhos...
Pois então... também as ouço...
Claro que a vida é mais completa se temos um companheiro, mas daí a se avaliar por isso, já é demais!
beijos beijos
Acho que todas as mulheres ouvem essas cobranças. Mas será que esses institutos (casamento, marido, filhos) realmente, trazem felicidade e nos completam? Eu ainda não sei. Creio que as próximas gerações não sejam mais tão questionadas quanto a isso, pois a nossa geração ainda não caiu na real, com algumas raras exceções que questionam e botam a boca no trombone e às vezes, ainda, são chamadas de loucas, ousadas, etc... Saudades Adri. Bjs. Renata Monte Alto
Somos programadas para ser desejadas, se não somos, estamos fritas e sem nenhuma auto-estima! Para isso, dependemos dos favores dos homens. Sou dependente e assumo.
Ah, anônima, essa coisa de depender dos favores dos homens é o que me assusta! Isso os coloca numa superioridade que só atrapalha tudo!
Amar uma mulher não é nenhum favor.
Nada de se sentir grata pelo amor ou atenção de ninguém... embora admita a humanidade do sentimento! Pelo menos a nossa pequena discussão está mais rica e sincera que a do Saia Justa! thanks girls!:)
Eu do outro lado do balcão . Kkk me aprofundei no assunto. E do lado de ca, esse movimento em questão acaba com um inicio de uma historia de amor, sexo ou qualquer coisa. Que o destino já dava como certa a felicidade a dois. Mas a voz nao conseguiu ficar calada e ecôo como cobrança. Como todos correm de cobrança o barco da felicidade virou.
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