Vivo isso pessoalmente e vejo o mesmo acontecer com amigos, com pacientes... pode acreditar, a coisa é uma verdadeira praga. Outro dia estava em um jantar e uma pessoa se interessou pelo meu brechó, começou fazendo perguntas despretensiosas do tipo, "faz sucesso?", "ah é?", "vende muito?" e me saiu com um "quanto?" e, ao perceber que fui evasiva na resposta, insistiu: "mas quanto vocês lucram por mês?" HÃ??? COMO ASSIM??? deu vontade de dizer com a cara mais séria do mundo que não podia revelar números, mas que um grupo japonês já havia feito uma proposta de compra do domínio... rsrs Mas é claro que essa resposta incrível só me ocorreu dias depois...
Nessas horas, pode-se:
a) fazer cara de paisagem, mudar de assunto e sair de fininho
b) fingir que engasgamos com um caroço de azeitona e estamos passando muito mal
c) ser direta e dizer: "meta-se com a sua vida e atenha-se a ela, inconveniente!"
A questão é que quase sempre somos pegos de surpresa por esses bombardeios e acabamos sendo educados e gentis, como manda o protocolo e a opção "a". Depois, ficamos remoendo que respostas desaforadas e/ou irônicas poderíamos ter dado...
Casais passam por isso: se não estão casados, perguntam "quando vão casar?"; se casaram, perguntam "quando vão ter um filho?"; se tiveram um filho perguntam "quando vão ter o próximo?" Tudo muito simpaticamente, com um sorriso e aquela cara de "te-quero-tão-beeem"! É uma loucura! E quando você já tá lá com o relógio biológico pelas tabelas, vem sempre uma desavisada perguntar: "Você não vai ter filho, não?" Resposta correta: "Porra, não sei, o que você acha?"
Pior é quando essas vozes estridentes do exterior ganham força pelos ecos das nossas próprias cobranças e questionamentos. Ficamos com um sentimento horrível de inadequação, de baixa auto estima, às vezes até de fracasso. Aí, é preciso respirar no desconforto e respirar no desconforto, respirar e esperar passar. Perdoem-me o francês, mas puta que o pariu, que gente é essa??? De onde vêm? Por que querem nos expor assim? Estou convencida que se trata de um tipo de perversidade...
Vou encerrar esse post revoltado contando uma piada que li há tempos (acho que no blog do Bruno Mazzeo - ou foi no Cilada?), era o seguinte: o sujeito era solteiro e tinha umas tias que, em todos os casamentos da família, diziam para ele: "Você, Fulaninho, vai ser o próximo!" Ele resolveu se vingar dizendo a mesma frase para elas, só que em todos os funerais!
