sábado, 3 de julho de 2010

Pessoal e intransferível

Esses dias me dei conta que, com o passar dos anos, fui adquirindo e exercendo mais e mais a minha feminilidade. Explico: sempre fiz a linha água + sabão neutro + hidratante = estou pronta para sair. Em primeiro lugar, acho que vale dizer que nunca fui o tipo mulherão. Talvez eu seja ou tenha sido o que as pessoas chamam de uma beleza meio selvagem ou natural, sem muito quás quás quás. Tirando a obrigatória depilação que faço, seja aqui ou no inverno inglês, desde os 14 anos, o resto foi vindo com a vida. E claro, um batonzinho não faz mal a ninguém - e pode se morder de inveja, Cristiano Ronaldo!

Lembro quando, aos 12 anos, usei meu primeiro salto alto para sair na rua: um tamanco horrendo com salto acrílico, todo transparente, no qual eu me senti o máximo, uma lady! Logo depois dos primeiros dias da novidade, voltei pros rasteiros e os anabelas, salvo raríssimas exceções. Na Índia, as mulheres adquirem o direito de usar certos adornos depois de casadas, como aquele vermelho no repartido do cabelo. E acho que fui, atabalhoada e espontaneamente, fazendo assim. Só que, ao invés do estado civil servir como abono, foram os anos que o trouxeram.
Aí vai um pouco dessa cronologia da dondoquice:
quando criança adorava me emperequetar toda com os figurinos e bijus da minha avó para fazer "espetáculos caseiros" de teatro, canto e dança (valha-me deus, nossa senhora, que paciência tinham meus avós!);
11 anos - furei as orelhas e passei a usar mini brinquinhos; (meu tio e a mulher dele me levaram para furá-las na finada loja Mesbla - ou seria Sears??? - fiquei tão feliz!)
12 anos - primeiro salto alto;
14 anos - depilação (a primeira é de matar, depois, a gente acostuma e nem liga...);
15 anos - fui ao salão de beleza e voltei pra casa com o cabelo todo encaracolado, não era permanente, era um outro troço, tal de bigudim. Ao chegar em casa, me achando incrível, meu pai me olhou e disse: "tá parecendo um poodle!" (sem comentários!);
17 anos - passei a alternar os confortáveis e eternos brinquinhos com brincos pendurados e argolas (sempre muito leves, que tenho a maior agonia de orelha rasgada, credo!),
18 anos - tatuagem;
19 anos - outra tatuagem;
20 anos- terceira tatuagem (tatuagem vicia.);
26 anos - primeiro sutiã (tudo bem que a anatomia permitia, mas hoje, olhando pra trás, acho que eu era meio totalmente nem aí, tipo despudorada...);
34 anos - passei a pintar as unhas da mão de cores vivas, como rosa, ameixa, chocolate e vermelho;
36 anos - descobri que também podia pintar com cores vibrantes as unhas dos pés (nunca quando as mãos estão pintadas, gosto das coisas desconjuntadas...);
37 anos - primeira vez que deixei alguém fazer as minhas sobrancelhas;
38 anos - passei a tingir os cabelos (não por gosto, mas pelo despontar dos primeiros fios brancos, que parecem ter vida própria);
44 anos - descobri que corretivo é uma coisa sensacional! (obrigada Renata!)

De mulher para mulher, essa blogueira adverte: esse post não tem a pretensão de servir como exemplo de nada para ninguém, os quesitos de beauté citados aqui foram apenas surgindo como desejos ou necessidades ao longo do caminho. O que eu acho bacana é o "tomar posse" da mulher aos pouquinhos, com gosto e delicadeza. Assim, a idade nova traz também novas descobertas. Invariavelmente, algo de caráter muito pessoal. Pessoal e intransferível.

Isabela em "espelho meu", foto: Renata Corrêa

9 comentários:

bia casotti disse...

Adorei ! Muito bom ...de mulher pra mulher. Acho que vc furou as orelhas na Mesbla, pois foi lah que eu furei tb, soh que na de Vitoria, Soreliisima.rsrsrs. Bjs

Jusaad disse...

Adorei. Texto lindo natural e selvagem - como a sua autora. Bjos, queridona!

Maria disse...

Adoro sempre seus posts!! beijos, Meri

Anônimo disse...

Amei! Amei! Sou cada dia mais mulhersinha
Viva o corretivo!
Bjocas Re
Ps: a Bela ta demais nesta foto !!!

Anônimo disse...

Querida, Estive viajando e nem sequer toquei em computadores, tb, no deserto não dá lá muito jeito...levaria toda a poesia do lugar,que é muita...Mais logo vou ler os outros textos, mas gostei deste! Bastante! Minha filha Ana está começando,tarde, aos 40...mas vale mais tarde que nunca, agora...salto alto, acho que jamais usará e pintar cabelo, diz que não, mas aí eu tenho dúvidas :))Beijocas, Isabel

Anônimo disse...

Esqueci...Que coisa mais linda, a Isabela :))

Adriana Pinheiro disse...

Uma belezura de fofura linda demais!!! beijos

Anônimo disse...

Apos esse periodo de viagens e pouco computador , volto p\ seu blog c\ o maior PRAZER!!
Amei o "Desconexa", amei mesmo!Fora o prazer de alguns posts , como o amado George H. , Marta M.(sempre pontual!)e seu precoce senso no "Poema da Infancia"...Brava!!
...é sempre um prazer!
BJS!!
Chris Baerlein

Gabi Lacombe disse...

totalmente a favor da "mulherzisse" (hehehe!). pra mim faz um beeeemmmm...

Um beijo querida!